Veja qual é o panorama das startups fundadas por mulheres no Brasil
Especialistas sugerem que é preciso incluir mulheres na tecnologia e reduzir a carga doméstica para melhorar estatísticas do mercado
POR Carolina Cozer | 10/03/2021 12h40Relatório divulgado pela Distrito na última segunda-feira ― Dia Internacional da Mulher ― revelou que apenas 4,7% dasstartups fundadas por mulheres.
O número não melhora muito quando são incluídas as startups com cofundação mista (entre homens e mulheres): somente 9,8% dos negócios tiveram participação feminina na criação.
O estudo manifesta a grande disparidade de gêneros ainda presente no ecossistema brasilerio de inovação e uma lentidão na evolução deste quadro. Há dez anos, quando as primeiras startups começaram a surgir no país, as estatísticas indicavam a presença de 7,8% de empresas com cofundação feminina, em oposição aos 9,8% atuais.
Lilian Natal, partner e head da Distrito, observa que, embora exista esse estigma entre fundadoras mulheres, há dados que mostram que startups com mulheres no quadro societário têm resultados 25% melhores do que as demais. “Nunca incentivadas e ensinadas a montar seu próprio negócio e segregadas a determinadas áreas, algumas heroínas conseguem realizar o sonho de empreender. Porém, ao chegar lá, encontram um ambiente no qual quase a totalidade das pessoas são homens que não as legitimam”, comenta no relatório.
Incentivo à inclusão é necessário, opinam empreendedoras
Embora as startups brasileiras estejam batendo recordes de investimentos a cada mês, o número de aportes em novos negócios fundados por mulheres é irrisório: 0,04% do total de capital destinado em empresas brasileiras foi direcionado a negócios fundados por elas.
A solução para mudar essa realidade, segundo algumas fundadoras entrevistadas pela Distrito, estaria na inclusão prévia de mulheres e meninas na tecnologia. “Precisamos incentivar e incluir meninas em se aventurar em games e lógica; criar espaços para garotas fortalecerem a autoestima e entenderem que a tecnologia é para mulheres, sim”, opina Karen Kanaan, sócia-fundadora da edtech 42 São Paulo.
Para Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, é preciso um olhar profundo por trás do distanciamento das mulheres no universo empreendedor. “Ao se dedicar aos cuidados com a família, mulheres acabam investindo 24% do tempo a mais com trabalhos domésticos em relação ao homem. Portanto, devemos repensar a ideia de meritocracia e performance quando comparamos os dois gêneros frente aos negócios”, opina no estudo.
Perfil das startups cofundadas por mulheres
Saúde e biotech ― 15,2%
Educação ― 12,7%
Serviços financeiros ― 8,2%
Varejo ― 8,1%
RH e gestão ― 7,4%
Comunicação e mídia ― 7,2%
Alimentação ― 4,7%
Imobiliário ― 4,7%
Serviços ― 4,1%
Logística e transportes ― 4,1%
Gestão e TI ― 4,0%
Moda ― 3,7%
Entretenimento ― 3,4%
Negócios sociais ― 2,8%
Meio ambiente ― 2,7%
Agricultura ― 2,5%
Regulação ― 1,9%
Indústria 4.0 ― 1,5%
Outros ― 1,2%
fonte: Distrito
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