Tecnologia e educação no mundo pós-pandemia
A crise provocada pela Covid-19 destacou a importância da tecnologia para o ensino. Como escolas e desenvolvedores de soluções poderão caminhar juntos?
POR Luiza Bravo | 17/07/2020 19h03A pandemia do novo coronavírus impôs um desafio sem precedentes para a educação não apenas no Brasil, mas em diversos países, e a tecnologia foi fundamental para que os alunos continuassem tendo aulas, mesmo com as escolas fechadas. A adaptação precisou ser feita rapidamente, e apesar dos muitos percalços, deixa uma série de lições para os envolvidos. Afinal, qual será o papel da tecnologia no ensino básico após o fim da pandemia?
Caminho sem volta na educação
Em ao menos um aspecto, todos os participantes de um dos painéis da Educa Week, que aconteceu nesta sexta-feira (17), concordam: a tecnologia estará cada vez mais presente no processo de aprendizagem do aluno, e mais do que uma revolução no ensino, está sendo a responsável por uma transformação no relacionamento entre professores, alunos e pais.
“A pandemia nos jogou em um rio de água gelada, e tivemos que sair nadando de qualquer jeito. Perturbou a economia e a vida social como um todo, e gerou um maior entendimento dos problemas que vivenciamos”, disse a diretora de Educação da Microsoft Brasil, Vera Cabral.
Segundo ela, um dos maiores desafios a ser enfrentados é a evasão escolar, que já é considerada, há tempos, um grande problema no Brasil. Vera disse que muitos jovens não enxergam sentido na escola, e que agora, com a retomada das aulas presenciais, a tecnologia pode ser uma aliada para que essa realidade não se agrave ainda mais.
Em sua palestra, a executiva defendeu a importância do investimento em tecnologia e em capacitação dos profissionais de educação nas escolas públicas e privadas. “Quais soluções que vamos implantar nas escolas para lidar com os desafios do bem-estar dos alunos e professores e da autonomia dos estudantes? Como a tecnologia pode ajudar? Criar autonomia para os alunos era algo sobre o que não pensávamos quando vivíamos apenas o ensino presencial, e que agora se mostrou muito importante”, ressaltou.
Para ela, o momento representa uma enorme oportunidade para as startups, já que o modelo de educação híbrida, ao que tudo indica, veio para ficar, e vai haver uma pressão cada vez maior por parte dos pais pela incorporação de tecnologias ao ensino.
“Precisamos focar na aprendizagem e na interoperabilidade, com soluções que conversem entre si.”
Vera Cabral, diretora de Educação da Microsoft Brasil
O cofundador da Eduqo, Gabriel Melo, foi além: segundo ele, o grande desafio das empresas de tecnologia será apoiar a escola na adoção de soluções e antever suas necessidades, como captar e fidelizar alunos, unindo gestão e personalização da aprendizagem.
Tecnologia simples e ao alcance de todos
Gabriel disse ainda que é preciso desmistificar a tecnologia para que ela seja, de fato, incorporada à rotina escolar.
“Acho que essa palavra afasta um pouco o professor, que fica com a sensação de que é algo muito distante, complexo. Mas ‘tecnologia’ nada mais é do que uma ferramenta que construímos para nos permitir fazer algo novo. Uma caneta, um giz, tudo isso é tecnologia.”
Gabriel Melo, cofundador da Eduqo
Em sua apresentação, ele ressaltou que existe uma distância considerável entre uma tecnologia existir e ser adotada no dia a dia. “É preciso haver necessidade, disciplina e incentivo para que o hábito de usar essa tecnologia seja formado, e foi isso que aconteceu agora, com a pandemia. A crise nos traz a oportunidade de construir novos hábitos”.
Facilitar o acesso às novas soluções disponíveis no mercado também é fundamental para seu sucesso. Esse foi o principal ponto defendido pelo cofundador e CEO da ClassApp e do Escolas Exponenciais, Vahid Sherafat. “A essência das startups é ajudar na solução de problemas complexos para quem tem poucos recursos, e isso tem tudo a ver com a realidade das escolas”, disse.
Segundo ele, as inovações precisam ser pensadas para quem vai usá-las: quanto mais simples, melhor. Facilitar o contato entre pais e professores deve ser uma das prioridades de quem pretende desenvolver soluções para o ensino remoto a partir de agora. “Fizemos uma pesquisa que revelou que apenas 30% das escolas ofereciam contato direto para os pais com o professor, o que impactava diretamente na dinâmica de aprendizagem. Isso sinaliza uma necessidade importante”, destacou.
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