O universo das startups é repleto de inovações; a velocidade das evoluções é alta e novos termos surgem quase diariamente, ao passo que as empresas apresentam novos produtos e modelos de negócios. Quem é do meio, já deve ter ouvido o termo startups unicórnios.
O modelo corresponde às empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão, antes de abrir seu capital em bolsas de valores. No entanto, as modalidades Zebra, Camelo e Dragão são menos conhecidas.
Segundo Bruna Lousada, pós-doutora em finanças para startups pela Columbia University, em Nova York, e autora do livro Finanças para Startups, “a distinção é a velocidade de crescimento e a sua inovação”. “É um negócio que está em um mesmo modelo econômico de geração de caixa e lucro. A estratégia de saídas, M&A , IPO, saídas clássica só dão certo quando o negócio tem uma perspectiva boa de geração e caixa”, explica ao Whow!.
Conheça um pouco mais sobre cada modelos de startups
Unicórnios

Arte Grupo Padrão
O termo foi introduzido em 2013, por Aileen Lee, fundadora da Cowboy Ventures , empresa que apoia empreendedores que reinventam o trabalho e a vida pessoal por meio de softwares.
De acordo com Aileen, os primeiros unicórnios nasceram nos anos 1990, com o Google. Muitos foram fundados a partir dos anos 2000, mas o Facebook se destacou como o único super-unicórnio da década. As duas empresas, porém, não fazem mais parte da classificação, uma vez que já fizeram suas IPOs.
Davi Miyake, diretor de Operações e Produtos da 99, que já foi um unicórnio, comenta: “A 99 nasceu como uma startup em 2012 e o aprendizado focado na eficiência e nos usuários nos permitiu ser hoje, mais do que um unicórnio, uma empresa brasileira de tecnologia que conecta passageiros e motoristas através de seu aplicativo, e que faz parte de um dos maiores players de mobilidade do mundo, a companhia global Didi Chuxing”, diz ao Whow!
Podem ser citadas como características desse tipo de empreendimento:
- Priorização de um alto grau de inovação, isto é, com investimento em tecnologia e forte presença nas mídias sociais;
- Compra de outras empresas;
- Crescimento rápido e agressivo;
- Foco no cliente, ou seja, demonstram forte preocupação com o cliente antes e depois da venda do serviço;
- Apoio à diversidade: estão sempre diversificando e buscando colaboradores criativos, multidisciplinares e preservando sempre o multiculturalismo.
Zebras
As empresas zebras nasceram como uma espécie de “contraponto” aos unicórnios. O nome vem da praticidade do animal: Zebra que remete ao “preto no branco”, por isso este tipo de startup busca a objetividade, promovendo lucro e melhorando a sociedade, sem precisar sacrificar um pelo outro.
Outra explicação para a alcunha é a forma como se organizam: as zebras vivem em grupos, se protegem e preservam umas as outras. Deste modo, nestas startups, a contribuição de cada uma resulta em uma produção coletiva mais forte, buscando uma “resistência inigualável” e eficiente de capital.
Os defensores deste tipo de modalidade argumentam que a atual estrutura de tecnologia e capital de risco está quebrada, já que dá prioridade a quantidade em detrimento da qualidade, consumo sobre criação, saídas rápidas sobre crescimento sustentável e lucro dos acionistas sobre prosperidade compartilhada.
Além disso, os críticos do modelo de unicórnios dizem que a busca de retorno financeiro pelos acionistas em larga escala coloca a sociedade civil em risco e ameaça a democracia, como o caso do Facebook, que acabou sendo um dos principais meios de disseminação de notícias falsas.
Nos Estados Unidos, algumas startups zebras já estão se destacando, provando que é possível crescer e ter lucro de forma gradual. Por exemplo, a Zepeda Switchboard, plataforma que ajuda ex-alunos e estudantes a se conectarem para compartilhar oportunidades de carreira, e a Hearken, que surgiu com a proposta de inovar em um mercado pouco tradicional no mundo das startups: o do jornalismo. A ferramenta ajuda redações e criadores de conteúdo de todos os tipos, treinando profissionais e criando ações de engajamento do público.
Camelos

Foto: Shutterstock
Essas empresas possuem como focos principais a sustentabilidade e a sobrevivência. Os camelos, como sabemos, são animais de alta capacidade de adaptação, conseguem suportar climas e temperaturas adversas, sobrevivem até mesmo sem comida ou água por meses e, ainda assim, correrem rapidamente por longos períodos.
Diferentemente das startups unicórnio, que buscam um crescimento agressivo que pode ser insustentável no longo prazo e trazer problemas, as startups camelos procuram ter uma jornada constante, segura e sustentável. Como características desse tipo de empreendimento, podemos citar:
- Estabilidade: essas empresas possuem a capacidade de se manterem seguras até mesmo em momentos de problemas no mercado, já que caminham com cautela, tomando poucos riscos;
- Não financiam seus produtos: Muitos empreendedores subsidiam seus produtos, já que possuem bastante capital de reserva e, em um primeiro momento, não precisam de tanta preocupação com lucratividade e custos. Não é o caso das startups camelo, que cobram de cada cliente por seus produtos e entendem que o valor final representa algo valioso.
- São cautelosos com investimentos de risco: Diferentemente das companhias unicórnio, que investem com alto risco para alavancar os negócios, os camelos geralmente investem apenas em casos de necessidade. Assim, os empreendedores conseguem um maior controle sobre o negócio, pensando sempre em estratégias seguras e sustentáveis para crescer de forma orgânica e saudável;
- Boa gestão de custos: Esse tipo de empresa nunca vai gastar sem ter algum propósito consolidado. Antes das operações, são avaliadas curvas de crescimento, novas contratações, investimentos em marketin, dentre outros, para que as despesas sejam otimizadas de acordo com o planejado.
- Visão de longo prazo: Obter sucesso nesse tipo de empreendimento muitas vezes pode demorar, já que o objetivo principal é a sobrevivência. Esse tipo de empresa utiliza esse tempo para desenvolver algo sólido, criar um produto ou serviço interessante e inovador e estruturar tudo de forma a manter-se forte no longo prazo.
Em momentos de crise econômica, como a atual, motivada pela pandemia do novo coronavírus, as empresas camelo podem se destacar por se manterem mais sólidas durante a instabilidade. Por exemplo, na crise atual, muitas companhias unicórnios pararam de receber investimentos. As startups que utilizaram seu capital para crescer nos últimos anos agora estão sem caixa para realizar planos de sobrevivência. Diante desses cenários imprevisíveis, é provável que investidores escolham startups camelos, deixando as unicórnios para segundo plano.
Dragões
Startups do tipo dragão são ainda mais raras e ferozes que os unicórnios, pois são as que arrecadaram mais de um bilhão de dólares em uma única rodada de financiamento, como o caso da Uber. Isso faz com que elas despertem muito o interesse de companhias que procuram empresas pequenas para apostar e de investidores-anjo, já que tendem a representar uma aplicação mais segura.
Muitos empreendedores e investidores defendem a ideia de que startups unicórnio são cases de “vitrine”, que chamam a atenção pelo crescimento rápido e os vários bilhões de faturamento e avaliação, mas que são os dragões que realmente valem o investimento.
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