As fintechs estão transformando o mercado financeiro no Brasil e no mundo. E Bruno Diniz, especialista em startups do setor financeiro, lançará nesta semana o livro O Fenômeno Fintech, com nove capítulos, sendo que o primeiro explica o contexto histórico do mercado financeiro, da economia, do consumo e como ocorreram as mudanças dessas questões. Também estão presentes no livro assuntos como inclusão financeira, desbancarização, crowdfunding, bancos digitais, open banking, criptoativos, blockchain e corporate venture. Outros acontecimentos descritos por Bruno Diniz no livro são o surgimento de associações e comitês brasileiros especializados em crédito digital, fintechs e startups.
Bruno é cofundador da Spiralem, consultoria especializada em inovação para o mercado financeiro, head do comitê fintech da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) e professor de fintech na Fundação Getulio Vargas (FGV) e no MBA da Universidade de São Paulo (USP).
Abaixo, a entrevista que Bruno concedeu ao Whow!

Foto Marta Branco (Pexels)
Fintechs dentro e fora do Brasil
Whow!: Como você vê o cenário de fintechs no Brasil em comparação a outros países?
Bruno Diniz: “O Brasil tem ganhado grande notoriedade no contexto global pelo seu grande potencial para a atuação de fintechs. Hoje, uma das maiores fintechs do ocidente é brasileira – o Nubank. Além disso, estamos avançando em aspectos regulatórios, que são atributos-chave para a atuação de diferentes modelos de negócios inovadores no setor. No ano passado, o país também atraiu volumes recordes de investimentos destinados à startups como um todo, principalmente fintechs. É a hora e a vez do Brasil no contexto fintech global em 2020.”
W!: Qual é o papel das fintechs no processo de desbancarização e como está esse cenário hoje no Brasil na sua opinião?
BD: “Existem duas respostas para essa pergunta. Falando em “desbancarização”, referindo-se a incluir pessoas que estão fora do sistema financeiro (desbancarizadas), as fintechs têm um papel importantíssimo. Diversas empresas como, por exemplo, o Banco Digital Maré e a Avante, propõem soluções que visam diretamente esse objetivo. No Quênia, uma solução fintech chamada M-Pesa (que consiste em um sistema de pagamentos que funciona via utilização de telefones celulares simples) tem sido muito importante no processo de inclusão financeira desse país africano.
Outra variante desse conceito de “desbancarização” diz respeito à utilização de serviços financeiros ofertados por prestadores de serviços alternativos (que não sejam bancos), como as corretoras de valores e fintechs, por exemplo. A XP Investimentos, inclusive, usou essa expressão indicando que os clientes dos bancos deveriam tirar aplicações com baixas remunerações dessas instituições e realizar investimentos junto a outras instituições mais alinhadas com seus interesses. Em ambos os contextos, as fintechs são importantes.”
W!: Os bancos digitais estão ganhando mercado. O ritmo está alinhado às expectativas? Como você vê o desenvolvimento desse tipo de negócio no Brasil atualmente?
BD: “Vimos um forte aumento na atuação de bancos digitais, também conhecidos como neobanks, no país. O Nubank, que é um dos maiores do mundo, atingiu a marca de 20 milhões de clientes, número maior do que a base de clientes digitais de grandes bancos no Brasil. Esse movimento tem feito com que algumas instituições criem suas próprias fintechs para atuar nesse mercado, como é o caso do Next, banco digital do Bradesco. A expectativa é de que vejamos ainda mais neobanks no país, porém, servindo nichos específicos como pequenas e médias empresas, por exemplo.

Foto Tumisu (Pixabay)
W!: Como está a evolução do uso de blockchain no setor financeiro dentro e fora do Brasil?
BD: “Passada a excitação inicial em relação às aplicações do blockchain, onde vimos no ano de 2017 um aumento expressivo de empresas nesse segmento, que acabaram não se provando viáveis, estamos caminhando para uma era de projetos mais concretos globalmente. As stablecoins, por exemplo, utilizam a tecnologia blockchain e estão sendo objetos de estudos em todo mundo, à medida que autoridades monetárias pensam em desenvolver suas próprias moedas digitais atreladas a moedas estatais. Esse é apenas um caso de uso que acredito que se desenvolverá bastante em 2020, existem diferentes outros que também deverão se desenvolver nos próximos anos.
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