O mercado de plant-based está em plena ascensão. A opção que surgiu como uma alternativa ao sistema de produção de carne, vai de encontro a um consumo mais sustentável e saudável, cada vez mais prensete. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ibope em 2018, os vegetarianos brasileiros cresceram 75% nas regiões metropolitanas em relação a dados de 2012. Já um relatório da Mintel, mostra que os produtos veganos cresceram 677% no Brasil entre 2014 e 2018.
Para compreender este atual panoramo, o Whow! entrevistou Luiz Augusto Silva, presidente da NotCo no Brasil. Ele falou obre tendências, novidades, além de consumo no Brasil e no Chile.
Criada em 2015, no Chile, a startup chegou ao Brasil em maio desde ano. “No Brasil, o assunto é extremamente novo, mas tem um mercado com grande potencial. No Chile, empresas de outros continentes que fazem, principalmente, substitutos de carne já estão presentes”, conta Luiz Augusto. “Além disso, o chileno é o consumidor com o maior nível de consciência e preocupação com questões ambientais do mundo. O Brasil tem grandes desafios como os de extensão, regionalidade e tributação para esse mercado. Mas para a NotCo, o Brasil deve se tornar o maior mercado da América Latina”, afirma.
Focada em inovação e consumo sustentável, o primeiro produto comercializado pela empresa foi a Not Mayo, uma maionese feita sem a necessidade de ovos. Depois veio o Not IceCream, um sorvete feito com proteína de ervilha que possui a mesma cremosidade dos sorvetes tradicionais. Seu lançamento mais recente é o Not Milk, um leite vegano produzido à base de repolho e abacaxi.

Foto The Not Company (divulgação)
De acordo com a empresa, o público brasileiro está cada vez mais interagindo com esse ‘novo mercado’. “A aceitação dos nossos produtos tem sido bem positiva. Não acreditamos que o consumidor precisa ter uma dieta restrita, mas pode fazer pequenas substituições por produtos mais sustentáveis para ter um consumo equilibrado”, comenta o presidente da NotCo no Brasil, ao Whow!. A NotMayo demorou 18 meses para ser desenvolvida, enquanto o Not Milk levou 10 meses e o Not IceCream, cinco meses.
Giuseppe: o chefe na inteligência artificial
Um dos objetivos da startup NotCo é revolucionar a indústria alimentícia com uma proposta de “mudar sem mudar”. A empresa afirma que todos os produtos têm receita formulada por um algoritmo de inteligência artificial. Com a tecnologia, ela altera os ingredientes dos alimentos e a maneira como são produzidos, de uma forma que o consumidor seja beneficiado e receba sabor e textura agradáveis. O algoritmo é retroalimentado frequentemente com feedbacks.
“Temos um algoritmo que foi elaborado por dois de nossos fundadores e que apelidamos de Giuseppe, que funciona como um acelerador de pesquisa e desenvolvimento. Um engenheiro de alimentos poderia fazer os produtos que estamos fazendo, mas levaria muito mais tempo e gastaria muito mais recursos”, explica o presidente da NotCo no Brasil. “O Giuseppe nos permite desenvolver rapidamente a receita para novos produtos, que são testados por chefs em nosso laboratório no Chile. E como o abastecemos com feedbacks das receitas que ele nos sugere, sua inteligência é cada vez mais aprimorada e o desenvolvimento de produtos é mais eficiente.”
Tendências para 2020
Em 2019, no Chile, a NotMayo se tornou a terceira marca mais vendida em apenas um ano. E desde que as vendas tiveram início, em março de 2017, a produção aumentou três vezes. Sobre as tendências no setor de alimentos, a startup diz que o foco é a expansão do mercado de comidas à base de plantas, tanto no Brasil como no mundo, com escalabilidade dos produtos que são vendidos aqui e entrada de novas empresas no país.
“O mercado é impulsionado por uma tendência dos consumidores estarem mais preocupados com a sustentabilidade e saudabilidade dos alimentos que compram. Isso, inclusive, chamou a atenção de grandes players internacionais e nacionais, que entraram nesse setor comprando marcas menores ou desenvolvendo seus próprios produtos à base de plantas”, disse Luiz Augusto.
“Um estudo do banco Barclays indicou que em dez anos o mercado de substituto de carne animal pode chegar a 10% do mercado de carnes convencionais”
Luiz Augusto Silva, presidente da NotCo no Brasil

Foto Luiz Augusto Silva (The Not Company/divulgação)
“Isso é muito! Nós acreditamos nessa tendência e também no potencial de mercado aqui no Brasil. E, tendo em vista esse cenário de expansão, a NotCo oferece alternativas em diferentes categorias de alimentos, substituindo produtos que levam ovo, leite ou carne”, afirma.
Para o próximo ano, os consumidores podem esperar novidades, pois a empresa está focada em estudos para atender as demandas de pedidos dos brasileiros e expandir as vendas dos produtos já lançados. “Nossa prioridade para 2020 é consolidar os produtos que lançamos e garantir o acesso de mais consumidores a esses produtos, pela presença em todos os estados do país”, revela.
Fim da alimentação dentro de casa?
Em outubro, o fundador da Movile,empresa de venture capital e dona do iFood, Fabrício Bloisi, disse que em 10 anos “gastar tempo cozinhando será uma opção dispensável. É como pensar hoje em fazer as próprias roupas”. Para o presidente da NotCo, no Brasil, existe um crescimento nas compras por delivery no País; porém, os gastos com alimentação dentro de casa ainda são superiores.
“Segundo o IBGE, a média do gasto de uma família brasileira com comida foi de R$ 658 por mês em 2018, sendo que R$ 442 foi para alimentação dentro de casa”
Luiz Augusto Silva, presidente da NotCo no Brasil
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