As oscilações cada vez mais frequentes no preço do petróleo apontam na direção da dupla necessidade de desenvolvimento de matrizes de energia limpa. A primeira é a já conhecida necessidade de criar soluções energéticas mais sustentáveis. A segunda, para evitar que as economias oscilem tanto por conta das mudanças no preço dessa commodity.
O Brasil tem potencial para integrar de maneira relevante o mercado de energia limpa, que acelera pelo mundo. Aqui, em março, a Braskem, indústria de plástico, anunciou a compra de energia solar por 20 anos junto à Voltalia, empresa francesa.
Startups brasileiro no mercado da energia limpa
As startups brasileiras lutam para ganhar espaço nesse mercado promissor. As chamadas cleantechs, empresas de tecnologia que atuam no setor de energia limpa tinha um total de 136 startups segundo “Mapeamento do ecossistema de startups de cleantechs no Brasil”, resultado de um estudo da Fundação Getúlio Vargas, no ano passado.
Desse ecossistema, o Estado de São Paulo concentra o maior número destas startups, com 43%, seguido do Rio de Janeiro e Minas Gerais, que empatam com 12%. O eixo Sul-Sudeste concentra 91% das cleantechs, entre as 136 identificadas na pesquisa. Fora do eixo Sul-Sudeste, o estado de Pernambuco é o que apresenta maior número de startups do time, impulsionadas pelo ecossistema de inovação e empreendedorismo do Recife e pelo parque tecnológico Porto Digital, de acordo com o estudo.
Mais da metade das startups do setor faturarem anualmente acima de 100 mil reais, porém, 39% ainda operavam no negativo. Entre as startups do segmento, as subdivisões que se destacam são de armazenamento de energia e de energia limpa para transporte.
As de armazenamento elétrico respondem por 56% dentro do segmento. Em transporte, 71% respondem por produção de mecanismos de energia limpa para veículos.
Armazenamento de energia
Sistema de armazenamento elétrico - 56%
Sistema de armazenamento químico - 33%
Sistema de armazenamento térmico - 11%
Sistema de armazenamento mecânico - 11%
Outros - 11%
Transporte sustentável
Produção de equipamentos veiculares - 71%
Gestão de tráfego - 24%
Infraestrutura de abastecimento ou carregamento - 24%
Outros - 24%

Foto ilustrativa Andrew Roberts (Unsplash)
Tecnologias mais usadas no mundo
Outro estudo, o “Science Technology and Innovation Outlook da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)”, realizado na Alemanha, apontou que, no Brasil, as principais tecnologias usadas no uso, produção ou distribuição de energia limpa são compósitos orgânicos, eficiência energética na iluminação, processos na indústria química, eficiência energética na manufatura de produtos minerais e biotecnologia.
Apesar da promessa de desenvolvimento do setor de cleantechs nacional, o País não tem um bom desempenho no registro de patentes.
71% das startups não têm registro de nenhuma patente; outras 17% têm alguma patente depositada; e 12% têm patentes cedidas. Apesar dessa situação, 60% dizem ter interesse em patentear suas tecnologias. A burocracia é o principal problema para o registro de patentes, segundo o estudo.
Inovação aberta com cleantechs
Apesar de três quartos das cleantechs terem alguma relação com empresas, apenas 6,6% das startups do setor receberam investimentos de empresas, os chamados corporate venture capital. Aquisições e joint-ventures representam 2,9% das relações entre estas startups e empresas.
A maior parte das relações é no desenvolvimento integrado de produtos e serviços. Isso representa 29,4% do total; compartilhamento de infraestrutura e espaços responde por 27,9%; e o desenvolvimento de hackathons é 26,5% das relações.
As startups de cleantech brasileiras consideram a credibilidade e o acesso a novos mercados como as mais importantes razões para cooperar com grandes empresas. Na outra ponta, o fator menos importante para as novas empresas do segmento são espaços de trabalho, que é um dos aspectos que, de fato, mais tem unido empresas e startups.
A explicação pode estar no fato de as startups enxergarem essa relação como um primeiro passo para relações mais integradas e investimentos de fato. E as empresas, por sua vez, esperando que as startups ganhem mais maturidade para apostarem.
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