A terapia on-line tem ganhado corpo nesse período de isolamento social. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) registrou em março e abril 51.747 novos pedidos para que psicólogos trabalhem virtualmente. Número muito superior a todas as solicitações já feitas na história do CFP, que totalizavam 30.677 cadastros até fevereiro de 2020.
A Terapia de Bolso, uma healthtech com sede na região Norte do país, é uma startup de saúde mental que tem registrado crescimento expressivo. No mercado desde 2015, a empresa quintuplicou o número de atendimentos virtuais no período de quarentena e aumentou em 300% o número de profissionais cadastrados. Hoje são mais de 100 psicólogos ativos e quase 2.000 pacientes.
“Vale ressaltar que o Terapia de Bolso ainda é uma microempresa, uma startup mesmo nesse sentido. Validamos em dois anos de beta e agora é que estamos tracionando”, afirmou o psicólogo Elias Balthazar, CEO da empresa, ao Whow!. “Mas isso é bom. Eu acredito que uma empresa deve pensar sempre seu crescimento real e orgânico, sem maquiagem, ou podemos entrar em uma bolha.”
Balthazar ressalta que, apesar de ser microempresa, a Terapia de Bolso tem uma tecnologia digna de plataformas grandes. “Pois o workflow é algo que estou sempre pensado para conseguir escalar”, disse.
Antes do crescimento expressivo registrado na quarentena, a Terapia de Bolso já havia tido um boom em 2018, quando saltou de 15 profissionais que vinham da fase beta para 40 psicólogos. “Foi uma fase muito interessante também”, comentou Elias. “O sistema era novo, feito a partir dos testes com o MVP, e a sensação de ter finalmente o 1.0 era ótima.”
Ainda que a sede do Terapia de Bolso fique em Rondônia, na região Norte do país, Balthazar sempre pensou a empresa como algo que pudesse servir ao psicólogo e ao paciente de qualquer lugar que eles estivessem. “Nossa clientela é de todo o Brasil e temos psicólogos e pacientes em várias localidades do mundo. Temos psicólogos e pacientes aqui da região também, mas ainda são minoria”, disse.
A startup nasceu em diversos locais do país
Filho de pai gaúcho e mãe mineira, Balthazar nasceu em Rondônia. Apesar de hoje trabalhar com tecnologia, ele viveu no sítio, sem energia elétrica, até os 15 anos. Nessa idade foi para a capital, onde começou a ter algum contato com tecnologias e depois se formou em psicologia.
“A ideia da plataforma eu tive ao me aventurar pelo país, pelo sul e nordeste”, contou o empreendedor.
Depois de formado, Balthazar foi morar em Curitiba, no Paraná, onde atendia os pacientes em uma sala. “Isso já me fez pensar em como seria cativar uma clientela naquele endereço de uma grande cidade e depois me mudar de bairro, cidade, estado”, relembra. “Ao mesmo tempo, a internet, o YouTube e as redes sociais se expandiam e nos mostravam que ter afinidade com ideias de alguém ou um serviço ou produto já não tinham a ver com localidade.”
Dessa forma, Balthazar concebeu a plataforma durante um nomadismo pelo Brasil. “Em Curitiba tive a ideia inicial do blog para sair da era do cartão de visitas, e isso me levou a pensar a plataforma, mas acabei lançando a plataforma em Ilhéus, na Bahia, onde morei por sete meses.”
Depois da Bahia, o empreendedor voltou para Curitiba e ficou por pouco tempo em São Paulo, já com o MVP no ar. Em 2017, ele voltou para Rondônia e foi lá que terminou a validação e lançou a versão 1.0 com a parceria do amigo Relri Stein, que acompanhou a plataforma desde a fase de ideação e até hoje dá “pitacos”. “O considero um sócio-fundador.”
Modelo de negócio
A Terapia de Bolso não cobra nenhuma porcentagem dos pacientes particulares dos psicólogos. Se eles levam o paciente, não pagam nada além de uma valor de manutenção em forma de assinatura e as taxas bancárias.
A startup cobra porcentagem apenas quando é a empresa que indica o paciente.
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