Uma startup que já nasceu com DNA global. Essa é a Pipefy, fundada em 2015, com sede em Curitiba, no Paraná, e que hoje atende clientes em 150 países. Para conseguir ir além das fronteiras nacionais, Alessio Alionço, CEO e fundador, iniciou a busca por captação focando em fundos internacionais. “Apliquei para mais de 60 oportunidades”, conta ao Whow!.
Como resultado, alguns meses após a criação da empresa, ele foi para a Califórnia participar do programa de aceleração da 500 Startups.
“Desde o início, nossa ideia era chegar ao mercado atraindo prospects do mundo todo e empresas de diversos tamanhos em todos os continentes. Qualquer pessoa pode ser usuário do Pipefy, em qualquer lugar, independentemente de suas necessidades de gestão”, explica.
Startup no modelo israelense
A startup é uma empresa de SaaS (Software as a Service) que permite que gestores criem e gerenciem fluxos de trabalho sem que precisem de suporte técnico – tornando o contato com a TI na gestão de processos inteiramente opcional. O software fornece uma plataforma de autosserviço em que esses profissionais podem projetar, implementar e mensurar o desempenho de novos fluxos de trabalho digitais.
Com escritório também no Vale do Silício, nos Estados Unidos, a Pipefy tem crescido mais de 300% ao ano e, atualmente, atende cerca de 15 mil clientes.
A intenção de tornar a Pipefy global desde o começo tem a ver com a experiência prévia de Alessio.
“Tive a chance de trabalhar por alguns meses como consultor de produto em uma aceleradora em Haifa, Israel. Durante um jantar com o CEO da aceleradora, perguntei como os israelenses conseguiam levar suas tecnologias para fora do país, mesmo sendo um país tão pequeno. A resposta dele foi simples e mudou meu modo de pensar: ‘somos o que somos justamente pelo motivo que você citou. Não temos mercado local. Todo empreendedor israelense é obrigado a pensar e competir com qualidade global desde o primeiro dia do negócio’”, conta o empreendedor.
“Eu já havia empreendido antes mas, a partir daquela noite, entendi que meu próximo negócio seria global desde o primeiro dia.”
Alessio Alionço, CEO e fundador da Pipefy
Aliás, Alessio revela que via um risco real do negócio ser extinto em cinco ou dez anos caso ficasse somente no mercado local.

Fab Lentz (Unsplash)
Equipe global e expansão para o exterior
Para conquistar o mundo, a Pipefy adotou o inglês como língua oficial. “Isso significa que tudo, desde o site principal até a comunicação interna do time, deve ser em inglês”, diz o empreendedor. “Nosso produto é on-line e já nasceu em inglês, o que abriu muitas portas para nós desde o início. Se ficássemos somente no Brasil e depois mudássemos a língua da solução para expandir, seria um processo mais difícil.”
Hoje, além de brasileiros, há na equipe da Pipefy americanos, indianos, egípcios e paquistaneses, entre outras nacionalidades.
A internacionalização começou pelos Estados Unidos e, hoje, metade do faturamento da Pipefy vem do Brasil e a outra metade vem do exterior.
Todos os investimentos que a empresa fez e recebeu até hoje foram destinados à expansão e solidificação da marca no mercado externo. Hoje, a Pipefy soma mais de US$ 60 milhões captados com fundos, como 500 Startups, Redpoint eventures, Valor Capital e Founders Fund, além da Insight Partners, OpenView e Trinity Ventures. Todos têm ação internacional.
Preconceito no exterior
Alessio conta que nada saiu errado no processo de internacionalização, mas ele registra um obstáculo: o preconceito.
“Não é raro, enquanto empreendedores brasileiros, passarmos aperto por não sermos ex-Google, ex-Facebook, ex-Ivy League.”
Alessio Alionço, CEO e fundador da Pipefy
“No nosso caso, passamos aperto por não termos a mesma sofisticação e traquejo com investidores, por não termos fluência perfeita, por termos deixado escapar uma tradução mal feita, por sermos brasileiros. Porém, a história mostra como isso nunca nos parou. Nossa estratégia? Comer pelas beiradas”, comenta o fundador da startup.
Apesar de ter orgulho de ser um SaaS brasileiro, a Pipefy não menciona em seu site de onde é. “E pretendemos continuar assim por um bom tempo. Pelo menos até criarmos uma credibilidade sólida e obtermos uma boa fatia de mercado”, conclui o empreendedor.

Arte (Grupo Padrão)
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