*Por Giovanna Fiorini, Gerente de Inovação Aberta na Endeavor Brasil.
Na Endeavor, desde 2014, conectamos grandes empresas com empreendedoras e empreendedores à frente dos negócios que mais crescem no país. Os objetivos dessas conexões podem ser, na ótica de uma grande empresa, impulsionar a transformação cultural e digital, deixar os processos internos mais ágeis e aumentar seu impacto na sociedade.
O grande diferencial das scale-ups é justamente o seu grau de maturidade, o que facilita a geração de negócios. Diferente das startups, as scale-ups já têm um modelo sólido e validado, soluções plug and play que escalam mais rápido, de acordo com a necessidade do cliente.
Porém, ainda existem barreiras estratégicas, culturais, processuais e estruturais que afetam o relacionamento entre empreendedoras, empreendedores e grandes empresas, gerando experiências negativas ou insatisfatórias durante a geração dos negócios.
Pensando nisso, elenquei, aqui, algumas dicas que podem ajudar a potencializar esse relacionamento – que é ganha-ganha para os dois lados.
Passo 1: Checklist para a escolha de scale-ups parceiras
Antes de mais nada, ao escolher empresas, é preciso prestar atenção nesses detalhes:
- Fit da solução da scale-up com a demanda da grande empresa;
- Estágio de crescimento da scale-up;
- Check de referências e histórico;
- Perfil de empreendedoras e empreendedores.
Se os lados entenderem que existe uma sinergia e estão dispostos a trabalhar juntos, desenham uma POC* – a oportunidade da scale-up mostrar como pode gerar valor e da grande empresa entender como ganhar agilidade.
*A POC (do inglês, Proof of Concept) é a forma mais simples de testar se a solução de uma scale-up resolve o problema de uma área de grandes empresas antes da contratação efetiva. É um projeto enxuto, que soluciona um problema em pequena escala, por tempo limitado, com entregáveis pré-definidos.
A POC é a primeira etapa para validar o valor que uma solução pode agregar, para depois dar escala.
Passo 2: Envolva as áreas viabilizadoras desde o início da relação
A inovação aberta não é um trabalho apenas de um head de inovação. Ela passa por áreas como compras, jurídico, TI e segurança da informação. Quando tratamos as scale-ups como fornecedores normais, os processos podem demorar para acontecer e, consequentemente, os resultados também.
E como as scale-ups normalmente têm uma velocidade acelerada, vale aplicar, dentro da empresa, processos mais rápidos e ágeis – que chamamos de fast tracks:
- Crie contratos padrões para scale-ups;
- Estabeleça prazos razoáveis de negociação – considere que os prazos de pagamento afetam diretamente a operação de empresas de alto crescimento;
- Tenha processos de cadastro de fornecedores simplificados e menos burocráticos.
Passo 3: Destrave o avanço dos projetos dentro de casa
Além do envolvimento de diferentes áreas, outras ações podem ajudar grandes empresas a ter a agilidade das scale-ups:
- Tenha um sponsor interno que destrave os processos;
- Busque quick wins para provar internamente a eficiência do projeto;
- Garanta que a estratégia de inovação seja top-down – as lideranças precisam estar compradas;
- E, claro, tenha métricas claras – tanto para cada projeto quanto para os objetivos de inovação. As metas do projeto precisam estar alinhadas com as das empresas e ser compartilhadas com outras áreas envolvidas no projeto.
Passo 4: Cuide dos aspectos jurídicos
O problema das questões jurídicas entre corporações e scale-ups é tentar encaixar uma bola no quadrado. Podem haver diferenças na linguagem e dificuldades na comunicação entre as partes, e por isso o trabalho do sponsor para intermediar essa relação é tão importante.
Em uma mentoria para a rede Endeavor sobre aspectos jurídicos da inovação aberta, a Dra. Fabiana Fagundes e o Dr. Rodrigo Menezes deixaram uma dica de livro que faz toda a diferença para entender mais o tema: A Empresa Criativa.
Esse passo-a-passo foi o aprendizado que adquirimos ao longo dos últimos anos, acompanhando conexões e negócios nas nossas iniciativas de inovação aberta.
Uma boa parte deles está registrado no Playbook de Open Innovation da Endeavor, que explica em detalhes a metodologia do duplo-diamante de inovação aberta e como construir relações ganha-ganha entre empresas e scale-ups que querem inovar juntas nesse movimento de transformação digital no Brasil e no mundo.