Quem é o novo profissional?
Com esse questionamento, Fabrício Saad, coordenador acadêmico de MBA da ESPM, começou o painel no Whow! Festival de Inovação 2020 que discutiu quem são os novos profissionais da revolução digital. Edney Souza, diretor acadêmico da Digital House Brasil, afirma que o novo profissional digital é, na verdade, o velho profissional digital.
Ele explica dizendo que não há um novo profissional digital. “Temos um velho profissional digital que, agora, é um número maior de pessoas que percebeu que isso diz respeito a elas também”, diz. “Eu vejo que essa ficha caiu.”
Segundo ele, tem um monte de empresas consideradas digitais, e não são apenas as de tecnologia, nativas digitais, são empresas tradicionais que estão usando ferramentas digitais para excelência de serviço. “Caíram por terra as afirmações de que não dá para vender on-line, de que não dá para fazer atendimento on-line e de que não dá para fazer reunião colaborativa a distância. Dá sim para fazer”, afirma.
Para Edney, são paradigmas que já tinham sido derrubados em alguns lugares e que estão sendo derrubados de forma mais ampla agora.
Carlos Medina, sócio-diretor da São Paulo Digital School, complementa falando sobre a dificuldade de as pessoas entenderem o que é o profissional digital. “Uma coisa é o cara que trabalha com marketing digital, o desenvolvedor. Mas, agora existe a necessidade (talvez circunstancial para algumas empresas, mas para a maioria não) de passar pela digitalização”, diz. “Essa mudança digital é mais sutil em algumas profissões, como o veterinário, que segue atendendo presencialmente, mas pode usar o digital para prévia de consulta, geração de leads etc. Esse profissional digital representa o aculturamento com o mundo digital, o ato de deixar de ter medo do digital, e usar as ferramentas com a mesma tranquilidade que visita um amigo.”
Nasce o profissional digital
Guilherme Junqueira, CEO da Gama Academy, aborda a digitalização do dinheiro, do transporte e do pedido de comida para dizer que os profissionais também têm que ser digitalizados. “A pandemia mostrou que empresas tradicionais também precisam se tornar digitais, reinventar seus negócios, e as pessoas que nela trabalham também”, afirma. “Se a lógica de mercado muda, as pessoas têm que reinventar suas carreiras também.” Ele cita que mudanças nas indústrias geram grandes impactos nas carreiras. “O desenvolvedor iOS só existe porque a Apple lançou o iPhone e surgiu a AppStore”, exemplifica.
Ele diz ser cético quando se fala em profissões muito à frente, as chamadas profissões do futuro, e cita um exemplo, que é o de “voice UX designer” – ou designer UX da experiência de voz. “Talvez venha a existir, mas daqui a cinco anos. Enquanto isso, as empresas estão precisando do designer puro, que precisa ajudar as empresas a conversarem com o usuário.”
Eles já estão presentes
O diretor acadêmico da Digital House Brasil, tem uma percepção um pouco diferente sobre as profissões do futuro.
“O voice UX designer é uma profissão que já é do presente em países que usam muito o assistente de voz. Então, mesmo que no Brasil ainda não seja tão disseminado, tem que começar a entender disso. Porque quando o chefe da empresa, a liderança, perceber que precisa de um voice UX designer, o profissional precisa estar preparado”, afirma Souza.
Ele dá outro exemplo de profissão do futuro ao falar do uso dos drones para entregar comida. “Quem vai ser o piloto de drone? Se não for o próprio motoboy, vai faltar um monte de piloto de drone. Então quando o motoboy vai começar a se capacitar para operar drone?”, questiona Souza. “O velho e o novo precisam conviver. O jornal impresso existe até hoje em paralelo ao on-line. Não vai sumir o UX designer tradicional e nem o motoboy, mas vão conviver.”
Dessa perspectiva, para Souza, o profissional precisa olhar para as mudanças que estão acontecendo e se preparar para elas agora. Já a empresa precisa ter os produtos antigos e, ao mesmo tempo, ir pensando em coisas novas usando a tecnologia. “Quando a chave do mundo virar você estará preparado”, conclui.
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