A conexão da multinacional Danone Nutricia com as startups ganhou um reforço este ano com a abertura da segunda edição do Transforming Lab, um programa de aceleração que busca startups dispostas a contribuir com soluções de inovação para o setor de nutrição. Na edição do ano passado, 90 startups se inscreveram, 18 foram selecionadas para um pitch e seis projetos foram selecionados para prova de conceito. Desses, quatro estão sendo implementados neste primeiro semestre.
Inovação para saúde e indústria 4.0
Na edição de 2020, com inscrição aberta até 14 de junho, já há mais de 180 inscritos, segundo Edson Higo, presidente da Danone Nutricia Brasil. Segundo ele, a aproximação com as startups pode trazer soluções para os negócios da multinacional, principalmente nas seguintes áreas: inteligência e supply – “ainda precisamos melhorar a logística de ida e a reversa” –, relação com os profissionais de saúde, relacionamento com o consumidor e indústria 4.0, para melhorar a eficiência nas plantas.
“Nos conectamos com o mundo externo para encontrar soluções.”
Edson Higo, presidente da Danone Nutricia Brasil
Um dos grandes desafios da Danone Nutricia agora é a relação com o profissional da saúde. A empresa tem 300 representantes que visitavam os médicos periodicamente para apresentar os produtos e fornecer informações. “De uma hora para outra eles tiveram que sair de cena”, afirmou em uma live recentemente..
Em um primeiro momento, essa equipe recebeu treinamentos e agora está retomando os contatos com os profissionais de saúde, mas via canais alternativos que o profissional escolhe: telefone, vídeo ou e-mail. “Respeitando se ele quer ser contatado neste momento”, diz o CEO. Uma plataforma de streaming de vídeo ajuda na divulgação, oferecendo abordagem nutricional para os pacientes. “Essas ferramentas digitais serão fundamentais para a retomada de um outro jeito, porque não acho que retomaremos o contato presencial em breve”, disse. Na live, Edson até brincou, questionando se nenhuma startup tinha a solução que eles precisam para esse desafio.
Outra fonte de inovação para a Danone Nutricia está no mundo acadêmico. O CEO explicou que a companhia tem uma parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e, por meio dela, os alunos de engenharia de alimentos trazem soluções para as dores da empresa.

Foto ilustrativa (Pixabay)
Mudança de mentalidade para dados e digital
Para Liel Miranda, presidente da Mondelez Brasil, a pandemia mostrou que, mais do que nunca, informação e conexão são fundamentais. Por isso, a inovação trazida pelas startups para a multinacional devem seguir esse caminho do big data e analytics. “É preciso muita informação para gerir o negócio com mais eficiência”, disse.
Sobre a pauta de inovação da Mondelez, Liel comentou que o desafio sempre foi acomodar curto, médio e longo prazo. “Esse é o desafio das empresas sempre, é o que está na nossa mão quando você está gerenciando um time, uma empresa. A diferença que a Covid-19 colocou é que foi uma mudança rápida de cenário. Antes dela nossa plataforma de inovação estava baseada em um cenário de crescimento, com um consumidor cada vez mais confiante na economia brasileira e, portanto, haveria mais espaço para produtos com valor mais alto. Agora estamos olhando para frente com uma perspectiva de recessão.”
Com esse tipo de mudança, o executivo afirmou que é preciso mudar a pauta da inovação e pensar, por exemplo, em embalagens que permitirão comprar a marca mesmo com um menor poder de compra e novos canais de vendas, como o e-commerce. “Acho que foi essa a mudança, o que o consumidor vai buscar, que tipo de produto, que tipo de marca, que preço.”
O e-commerce da Mondelez, aliás, foi acionado na Páscoa, uma data bastante importante para a indústria, que tem diversas marcas de chocolate em seu portfólio. “São 10 milhões de ovos espalhados pelos supermercados”, disse o CEO, dando uma dimensão da situação. Para fazer as vendas acontecerem, a multinacional implementou uma loja digital agregando mais de 300 varejistas que já estavam com os ovos. O consumidor comprava pelo site e a entrega ficava por conta do varejista mais próximo.
Uma mídia digital forte foi feita para impactar o consumidor a comprar pela internet.
“Viramos digital por necessidade.”
Liel Miranda, presidente da Mondelez Brasil
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