O que diversidade tem a ver com trabalho remoto
Mulheres, negros e asiáticos têm maior preferência por manter o trabalho remoto do que homens brancos
POR Marcelo Almeida | 16/11/2021 22h53Estudo feito pela Future Forum Pulse denominado “A Grande Desconexão entre Empresários e Empregados” aponta que existe uma grande diferença de expectativas de executivos e empregados em relação a voltar a trabalhar de forma presencial. Em relação à diversidade, grupos minoritários no mercado de trabalho, como mulheres e pessoas não brancas, se mostram mais receptivos a continuar no trabalho remoto.
O estudo foi realizado com cerca de 10 mil profissionais qualificados dos Estados Unidos, Austrália, França, Alemanha, França e Reino Unido no período de julho a agosto deste ano.
Em primeiro lugar, a maioria dos executivos (66%) está planejando a rotina de trabalho pós-pandemia sem nem ao menos considerar qualquer preocupação dos funcionários. Igual percentual acredita que está sendo bastante transparente em relação às novas normas que serão implementadas, mas apenas 42% dos colaboradores concordam com isso.
A principal diferença está na perspectiva em relação ao trabalho presencial. Enquanto 44% dos executivos querem trabalhar no escritório todo dia, apenas 17% dos empregados têm essa vontade.
A grande maioria (75%) dos executivos também afirma que quer trabalhar no escritório de 3 a 5 dias por semana, enquanto 34% dos empregados têm a mesma opinião.
Diversidade e trabalho remoto
O estudo também mostra diferenças interessantes em relação a questões de diversidade.
Isso porque ocorrem diferenças significativas também entre os empregados, de acordo com suas raças/etnias ou seu gênero.
Enquanto 87% e 81% dos asiáticos e negros, respectivamente, querem trabalhar de forma flexível ou híbrida, 75% dos brancos têm essa opinião.
Já 85% das mulheres querem trabalhar de forma totalmente remota, enquanto dentre os homens esse percentual é de 79%.
Possíveis explicações
Os número parecem apontar que aqueles que se sentem mais à vontade no ambiente do trabalho, sejam por ocuparem um cargo superior ou por não pertencerem a uma minoria, acabam tendo uma maior predisposição a querer voltar ao trabalho presencial e a trabalhar todos os dias da semana dessa forma.
Além disso, levantamentos revelam que pessoas de regiões periféricas são mais suscetíveis a se contaminar e morrer por conta da Covid-19. Também há a questão do maior tempo de deslocamento para ir e vir do trabalho, já que os escritórios estão concentrados nos centros empresariais. Como as minorias raciais representam a maior parte da população que mora na periferia, estes fatores precisam ser levados em conta ao analisar as motivações por trás respostas.
Para as mulheres, as tarefas familiares e caseiras, seja pela má divisão dos afazeres com o companheiro ou pela ausência deste, tornam-se ainda mais pesadas quando o trabalho presencial é obrigatório todos os dias. É possível suspeitar que esta seja uma das razões para a preferência maior pelo trabalho remoto em comparação aos homens.
Ou seja, a explicação para os resultados da pesquisa estaria na soma de problemas de inclusão no ambiente de trabalho, que faz com que minorias não se sintam à vontade, com as desigualdades para além do escritório que prejudicam a vida dessas pessoas todos os dias.