Especialistas no setor falaram desde sistemas de pagamentos instantâneos até o open banking, para as mudanças que já estão em curso
Qual será o futuro das fintechs e como está a transformação digital do sistema financeiro? Com esses dois questionamentos, três especialistas do setor se reuniram – on-line, claro – para debater o assunto. Thomas Barth, head de fintechs da Movile, Loise Nascimento, head de legal e regulação da MovilePay, e Mareska Tiveron, vice-presidente de legal e compliance da Zoop, fizeram uma live no último dia 23 para falar sobre esse futuro próximo. O Whow! participou e traz abaixo um resumo do que foi abordado.
PIX – Sistema de pagamentos instantâneos
O Banco Central anunciou recentemente que o PIX, sistema de pagamentos instantâneos, será gratuito para pessoas físicas. Segundo o BC, o baixo custo para o consumidor é uma questão central do PIX, já que a iniciativa se propõe a ser um meio de pagamento acessível para quem paga e para quem recebe.
Mareska Tiveron, da Zoop, afirma que o pagamento instantâneo quer tornar a experiência do usuário com menos fricção, além de permitir um funcionamento 24×7 e sem burocracia. “O consumidor se apodera da movimentação financeira do seu dinheiro, diferente de uma TED, que você tem um tempo de compensação. O PIX vem para trazer essa experiência mais rápida.”
O PIX promete transações seguras com período de liquidação de poucos segundos, sem restrições de datas ou horários.
Para Loise Nascimento, da MovilePay, a disrupção trazida pelo PIX já começa por ele ter sido criado pelo próprio Banco Central. “É o regulador disruptando o mercado”, afirmou. “Pensando em moedas digitais, o Banco Central entendeu que esses movimentos estão relacionados à necessidade de ter serviços simultâneos, ágeis e que sejam seguros. É uma iniciativa que vem ganhado força em outros países e esse cenário vai favorecer um ambiente disruptivo e novo no nosso país.”
Para Tomas Barth, da Movile, o Pix vai suprir a necessidade de transações corriqueiras do dia a dia. “É uma solução nova para problemas antigos”, disse ele, que acredita em uma adesão gradual do novo sistema.
Além disso, Barth frisa que o PIX abre espaço para novos negócios, como pagamento com QR Code, que permite ao consumidor chegar em qualquer estabelecimento e efetuar o pagamento com o celular. “Será totalmente viável sair de casa sem carteira e pagar as compras.”
Ainda na esfera dos novos negócios, Mareska diz que quando o regulador cria esse ambiente e até um produto de pagamento instantâneo, ele convida as fintechs, além dos grandes bancos, a participarem desse ecossistema. “Quanto mais participantes houver, mais êxito terá o PIX. Porque o objetivo do regulador é atrair o máximo possível de usuários”, disse a executiva. “Precisamos ainda da consciência do mercado como um todo para que as integrações sistêmicas funcionem, porque o PIX depende disso.”
Open Banking
Mika Baumeister (Unsplash)
O open banking também foi tema da live. Os especialistas conceituaram a expressão, que ainda gera dúvidas em boa parte das pessoas. “O open banking é uma rede de conexão, mais do que um produto”, afirmou Loise. O que ele permite, segundo a executiva, é a interconexão entre as entidades vinculadas ao Banco Central, permitindo ao usuário final ter acesso às suas informações financeiras para compartilhar com a instituição financeira que desejar. “É como se fosse uma rede social do setor financeiro e tem grande chance de diversificar o ambiente, pois pode mudar a forma como a gente usa os serviços financeiros”, disse.
Barth reforça que o open banking permite às pessoas levarem seus históricos de relacionamento com uma determinada instituição financeira para outra. “Se eu tenho histórico de 10 anos em um banco e quero ir pra outro, hoje o outro não sabe desse histórico, e lá, portanto, não terei o mesmo acesso a créditos e juros menores, por exemplo. O open banking facilita essa troca”, disse o executivo.
Por outro lado, esse compartilhamento de informações financeiras é delicado.
Há um conflito, por exemplo, com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), quando ela entrar em vigor e o open banking estiver funcionando. “Somos os donos dos nossos dados, é esse o conceito que a LGPD traz. Por outro lado, tem o open banking, que tem como pressuposto o compartilhamento dos dados, um trânsito entre as instituições”, pontuou Mareska. Segundo ela, também é preciso um cuidado do regulador com o risco, prevenção à fraude e lavagem de dinheiro e para isso o regulador precisa do dado, e ao mesmo tempo o dado é do usuário. “Esse é o conflito.”
Para concluir, Barth diz que olhando o PIX e o open banking, onde os dados passam a estar disponíveis, está mais fácil criar um negócio novo hoje no setor financeiro do que era dois anos atrás.
Mareska concorda.“Se a gente observar, as fintechs começaram a ter força depois da quebra do Lehman Brothers nos Estados Unidos e tiveram chance de atuar no mercado porque os bancos tiveram que focar em regulamentação e segurança, deixando de lado a parte tecnológica, a criatividade e novos produtos, dando espaço para empresas menores gerenciadas por pessoas que haviam saído dos bancos maiores e trouxeram um boom de ideias para o serviço financeiro”, disse ele. “Vejo no Brasil esse movimento pela oportunidade, se você pensar que ainda existe cerca de 40% da população desbancarizada, ou com bem pouco acesso ao sistema financeiro.”
Para Mareska, a fintech tem a proximidade com o cliente que nem sempre os bancos conseguem ter pelo tamanho deles e o modelo de negócio. Elas têm também a tecnologia. “O PIX e o open banking podem incluir mais pessoas nesse universo financeiro.”
Para Louise, ainda há potencial enorme de inovação nesse setor. “Existem desafios regulatórios ainda a serem superados. Tem que haver cooperação entre os agentes, gerando confiança do usuário em compartilhar os dados. É uma excelente oportunidade para oferecer serviços diferenciados”, concluiu.
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