Como o 5G pode ajudar no avanço das cidades inteligentes, tratando de soluções para problemas como trânsito e segurança? Esse foi o tema do painel conduzido por Eduardo Tude, presidente da Teleco, durante o Whow! Festival de Inovação 2020. “O 5G vem para ampliar os serviços para outros segmentos, cidades, fábricas, e não mais somente para as pessoas”, afirma.
Ele pontua que, quando se fala em um carro autônomo, é preciso garantir que a comunicação não vá falhar, e isso requer menor latência, que é o tempo da transferência de um pacote de dados na rede, e disponibilidade: “Isso vai vir com o 5G e depende de uma implementação desta rede.”
As fases para a implementação do 5G
A fase 1 está sendo implementada na maioria dos países e o foco é ainda o consumidor, com aumento do foco da capacidade. Na maior parte dos locais, o 5G ainda está implantado com a rede 4G. “Com isso, se consegue melhoria de latência mas não se consegue aquelas funções de garantia de serviço que são esperadas do 5G”, descreve.
Essa primeira fase, segundo o especialista, está em plena evolução e já há mais de cem operadoras atuando nessa frente em 44 países. “Há mais de 150 milhões de celulares 5G somente na China”, diz Eduardo. No Brasil, apesar de uma experiência pontual com a Claro, isso será possível com as licitações previstas para o ano que vem.
A fase 2, que vai garantir os serviços, vai envolver a implantação da rede 5G. “Aí teremos o 5G completo, o que devemos ver no ano que vem, e as aplicações mais massivas em 2022”, comenta.
Cidades inteligentes: o que vai mudar com a chegada dessa inovação

O 5G oferece banda alta e latência e isso permite fazer redes privadas dedicada para prestar esses serviços, o que dá mais flexibilidade para implementar câmaras e ter novos semáforos incorporados ao sistema de semáforos inteligentes, segundo o presidente da Teleco. Imagem Tumisu: Pixabay
A Teleco faz um ranking de serviços de cidades inteligentes com as 100 maiores cidades brasileiras, levando em conta 26 indicadores, sendo a maioria deles serviços utilizados pelo cidadão, como transporte, consultas a processos administrativos (egov) – 70% das prefeituras já tem egov desenvolvido –, educação, saúde e meio ambiente.
O executivo diz que já se vê algumas aplicações nessas cidades analisadas, como os aplicativos de horários de transporte público, os aplicativos de zona azul, o egov desenvolvido, matrículas on-line a agendamento de consultas on-line. “Esses serviços tendem a crescer, mas os usuários precisam ter acesso a velocidades mais altas, e não encontrar congestionamento nas redes móveis”, explica. “Os serviços ainda são embrionários, mas poderão ser sofisticados à medida que se tem uma rede melhor.”
Eduardo dá ainda exemplos de novas aplicações que podem surgir com a alta disponibilidade da rede e baixa latência, o que exige a implantação completa do 5G.
Redes privadas podem atender, por exemplo, um porto. Se este tivesse “tags” nos contêineres, que permitissem a visualização a partir de uma central de controle, seria possível controlar tudo remotamente. “Esse tipo de automação traz ganho muito grande de produtividade sem dúvida. Essas redes podem ser usadas nas cidades inteligentes também”, afirma.
Em outro exemplo, que o presidente da Teleco compartilha é que, o 5G pode substituir as conexões fixas de câmeras, semáforos inteligentes e iluminação pública, trazendo flexibilidade e garantindo a baixa latência e disponibilidade necessária para esses serviços. “Hoje, isso é feito, de modo geral, por ligações fixas de fibra, porque você precisa de uma banda grande e garantia de que os controles vão chegar lá, além de latência baixa. Então, para ter câmeras em uma cidade e usar semáforos inteligentes tem que construir estrutura fixa que é cara e demorada”, explica. “O avanço desses serviços acaba não acontecendo.”
O 5G oferece banda alta e latência para esses serviços e isso permite fazer redes privadas dedicada para prestar esses serviços, o que dá mais flexibilidade para implementar câmaras e ter novos semáforos incorporados ao sistema de semáforos inteligentes. “Basta um dispositivo de comunicação com a rede 5G e isso se estende para a iluminação pública”, completa.
Eduardo também ressalta que infraestruturas inteligentes podem evitar acidentes. “Existe a promessa do carro autônomo, que está sendo retardada, por questões de segurança”, diz ele. “Hoje, o carro sozinho não consegue garantir a segurança. Para ter um carro que ofereça essa segurança e evite acidentes, tem que ter o carro inteligente e a infraestrutura inteligente, com comunicação entre carros e com infraestruturas, como postes. Imagine fazer isso com fio, não é viável.”
Por fim, ele afirma que o 5G, junto com a realidade aumentada, pode impulsionar o turismo.
“Em museus, as pessoas já recebem um audiobook, apertam o número e ouvem a história da obra. Na Coreia do Sul, onde já tem uma rede 5G, o estado fez um acordo com a administração de um palácio e instalou servidor dedicado. Assim, o usuário baixa um aplicativo e surge uma criatura mística, que se acredita ser o guardião do palácio, e ele se torna o guia para o turista”, relata o executivo.
“Isso é um exemplo para entender que o 5G, à medida que se abre, não é uma coisa só das operadoras, ele é uma plataforma de inovação, que permite a criação de muitas aplicações que melhoram a experiência.”
Eduardo Tude, presidente da Teleco

Arte Grupo Padrão (Giovana Sorroche)
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