O movimento DIY (Do It Yourself), o famoso faça você mesmo, surgiu ainda na década de 50, baseado na ideia de pessoas que faziam pequenos reparos com ferramentas e materiais que tinham em mãos. E assim, tornou-se uma forma de empreender e conquistar a independência financeira.
Em períodos como o que estamos vivendo agora, essa cultura empreendedora fica ainda mais em evidência, gerando inclusão social e movimentando a economia.
Uma das empreendedoras mais conhecidas no mercado brasileiro, Ana Fontes, publicitária e fundadora da Rede Mulher Empreendedora, espaço que reúne mais de 750 mil mulheres e oferece à elas mentoria e capacitação, mediou um dos painéis , durante o Whow! Festival de Inovação 2020, no qual se discutiu justamente a questão de como, quando e por que se aventurar no mundo do empreendedorismo.
Como iniciar uma jornada empreendedora
Segundo Ana, o primeiro passo é definir qual é a sua motivação e o seu propósito ao se aventurar neste cenário.
Nelson Andreatta, CEO e fundador da Eats for You, marketplace de refeições caseiras, conta que a sua ideia empreendedora surgiu a partir de uma conversa com amigos quando foi levantado o descontentamento por ter que comer todos os dias em restaurantes. Antenado na tendência de confort food e ao momento que o país enfrenta, surgiu a empresa que hoje atua em quase toda São Paulo e conecta famílias que gostam de cozinhar e querem ter uma renda extra àqueles que desejam uma comida caseira com praticidade.
Já Hasani-Bilal Damazio, CEO e fundador da African Initiative, empresa que ajuda a desenvolver uma liderança empresarial sustentável na África para ter um impacto positivo e duradouro na sociedade africana, conta que o empreendedorismo sempre fez parte da sua vida. Ao ver a sua mãe empreender, após um divórcio e com filhos pequenos, foi a sua maior inspiração. Ela fundou um restaurante na Europa e, assim, transformou a vida dos filhos.
O ecossistema empreendedor
Para Ana o ecossistema de empreendedorismo, ainda não está alinhado com o mercado moderno, que é colaborativo. Segundo ela ainda é um sistema pouco inclusivo: “Quando eu entrei nesse ecossistema empreendedor há 13 anos, eu encontrei um ambiente muito fechado.” Já Nelson, que empreende há mais de 17 anos, vê o cenário como em um processo de mudança: “Eu não me preocupo muito com o que vão pensar, eu vou lá e me posiciono. Acredito que está mais amigável, principalmente no sistema de startups”, diz.
Em um país onde a cada quatro empresas abertas, pelo menos uma fecha com menos de dois anos, é fundamental buscar conhecimento para sobreviver no mercado.
No Brasil, o empreendedorismo ainda é burocrático, as iniciativas de apoio à micro empresários estão muito aquém do ideal. Por exemplo, em outros países as empresas vão em busca de empreendedores em universidades, enquanto no Brasil, o que se vê é uma população que ainda não tem acesso à educação de qualidade e isso reflete na hora de empreender como ressalta Hasani-Bilal. “Nos EUA, para as incubadoras, é o papel delas irem até onde o estudante que deseja empreender e não ao contrário, como uma forma de valorizar os jovens talentos. Existe um gap entre o privado e o Estado. E não é possível criar um sistema inovador, sem que o Estado apoie essas iniciativas”, descreve.
Nelson ratifica isso ao ressaltar que: “O Estado tem que agir no que é indivisível.”
Enxergue além
Para empreender, é necessário sair do lugar comum, entender as tendências de mercado. “O empreendedor é alguém que enxerga falhas dentro de uma sociedade e procura soluções seja com serviços ou produtos”, conta o CEO e fundador da African Initiative.
“As pessoas tem que começar a olhar pra dentro de si e está disposto a entregar para o mundo. A partir daí procure problemas para resolver, mas olhe como possibilidade de mudar o planeta. E para finalizar, insista até dar certo.”
Nelson Andreatta, CEO e fundador da Eats for You
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