Depois de o Bradesco ter fechado 132 agências ao longo do ano passado, o Itaú disse que pretende fechar 400 unidades ao fim deste ano. O fechamento de agências de banco é uma realidade e mostra uma tendência irreversível. A migração definitiva do sistema bancário para dentro dos smartphones e aplicativos. Nesta terceira parte sobre bancos digitais, o Whow! mostra a estrutura que diferencia bancos e fintechs.
O esforço das instituições financeiras é para deixar pelo caminho uma herança que elas trazem de tempos mais analógicos: ativos imobilizados e overhead. Basicamente, imóveis e postos de trabalho.
Por esse precinho
Enquanto não faz isso, as fintechs, que nasceram enxutas e sem legado, convencem o cliente de trocar de banco ao mostrar que, sim, é possível baratear–quando não, extinguir, o preço de alguns serviços.
“Com menos funcionários e mais algoritmos, as fintechs têm um custo marginal muito baixo para o próximo novo cliente”
Robson Del Fiol, sócio-diretor de Transformação Digital da KPMG no Brasil

Foto Jason Goh (Pixabay)
Muito anos 80
Para ganhar agilidade, os bancos precisam se livrar de uma infraestrutura pesada e lenta sem perder capilaridade e segurança. Esse movimento é arriscado. “São centenas de milhares de funcionários trabalhando no backoffice e nas agências e sua estrutura foi toda pensada para um país de hiperinflação, que era a realidade dos anos 80 e começo dos 90 e exigia grande capilaridade para que as transações ocorressem rapidamente para combater a valorização acelerada do dinheiro”, diz Robson.
Backstage
O Bradesco tem usado startups para chegar à realidade de mínima estrutura física. Para isso, conta com empresas da nova economia que auxiliam a levar não só produtos e serviços para a internet, a fim de diminuir o custo com agências, mas também digitalizar ao máximo o serviço de backoffice.
Segundo Antranik Haroutiounian, diretor de pesquisa e inovação do Bradesco, hoje, uma startup é responsável por todos os registros de contratos do banco e outra controla e apresenta processos de melhorias para cerca de 12 mil chamados por mês em todas as agências e departamentos.

Foto Bradesco (divulgação)
On e off
Para Fernando Honorato, diretor do Next – banco digital que pertence ao Bradesco – o Brasil vai ter, ainda por um longo tempo, um sistema híbrido de mercado, com os bancos digitais complementando os serviços dos bancos tradicionais.
“Existe espaço para ambos. Muitos brasileiros têm perfil digital, mas também temos outros 45 milhões de brasileiros economicamente ativos ainda não bancarizados, dos quais 23 milhões têm idade entre 18 e 35 anos e poderão fazer uso das plataformas digitais como meio de acesso ao sistema financeiro”
Jeferson Honorato, diretor do Next, ao Whow!
Mainframes
O custo físico que não está nas agências também pesa uma enormidade sobre os bancos tradicionais. Os chamados mainframes, os espaços monumentais que guardam as bases de dados digitais dos bancos, crescem sem parar desde os anos 60.
Em 2018, a Caixa contratou um mainframe da IBM depois de passar por problemas para realizar saques das 40 milhões de contas inativas do FGTS. Para ganhar agilidade, os bancos precisam se livrar da burocracia e da engrenagem lenta sem perder de vista a segurança. Enquanto isso, as fintechs operam na nuvem.
Comportamento digital
Fernando, do Next, completa ao dizer que a maioria das fintechs nascem ‘monoproduto’ e criam soluções inovadoras e bem desenhadas voltados para a experiência do consumidor. Por mais que os bancos tradicionais criem seus aplicativos, ainda penam para oferecer a mesma usabilidade dos apps das fintechs.
Por isso, o Next se tornou importante para um banco tradicional que, ciente de que algumas soluções não vão nascer e ganhar tração internamente, deu asas ao seu banco digital que, inclusive, pode ganhar independência nos próximos anos.
“Criamos uma plataforma digital que nos permitisse complementar o ecossistema de soluções da Organização Bradesco e ao mesmo endereçar o mercado de ‘hiperconectado'”, explica.
O que o Next conseguiu fazer foi trazer uma massa de novos clientes ao Bradesco. Segundo dados da fintech, 80% da base de clientes é nova e não estava no hall de clientes do banco tradicional.

Arte: Grupo Padrão
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