Milhões de pessoas estão tratando depressão e ansiedade com robôs
Pesquisa da Oracle mostra que ainda há estigmas envolvendo a busca por psicoterapia ― mas que a IA pode ajudar com isso
POR Carolina Cozer | 17/12/2020 10h00O estudo AI @ Work, desenvolvido pela Oracle e pela consultoria de RH Workplace Intelligence, revelou que 82% das pessoas acreditam que os robôs podem ser mais eficientes do que terapeutas humanos para ajudá-las com sua saúde mental.
De acordo com a pesquisa, muitas pessoas preferem se abrir com confidentes não-humanos por questões que envolvem desde o estigma com a profissão ao medo de serem julgados.
O estigma da saúde mental
Segundo a World Health Organization, quase 800 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com algum sintoma de doença mental, ao mesmo tempo em que 2020 foi o ano mais estressante das últimas décadas: 78% da força de trabalho acredita que a pandemia afetou negativamente a sua saúde mental, de acordo com o estudo da Oracle.
Agora, especialistas em inteligência artificial enfrentam um novo desafio: como usar a tecnologia de maneira adequada para o tratamento de saúde mental, considerando que existem mais pacientes do que terapeutas no mundo.
“Existe um estigma por trás da saúde mental em todo o mundo. Ao falar sobre estresse, ansiedade ou depressão com seus líderes, os funcionários vão se conter. As pessoas não procuram ajuda de humanos porque não querem ser julgadas”, disse Dan Schawbel, fundador e sócio-gerente da Workplace Intelligence à pesquisa.
83% da força de trabalho global gostaria que as empresas fornecessem tecnologia para apoiar a saúde mental. Foto: Jason Leung (Unsplash)
O divã dos robôs
Muitos trabalhadores dos Estados Unidos estão utilizando chatbots baseados na terapia cognitivo-comportamental para lidar com o stress profissional ― sentimentos que não conseguem abrir no ambiente de trabalho: 68% preferem falar com um robô em vez de seu gestor sobre estresse e ansiedade.
Os terapeutas robóticos (que, na verdade, são aplicativos de automação) são capazes interagir com os usuários e rastrear respostas às suas perguntas, além do monitoramento de voz ser habilitado a identificar e prever quando o paciente precisa de um tratamento mais avançado, segundo a CNBC News. No Brasil há alguns aplicativos disponíveis na Google Play Store, como Wysa, InnerHour, Woebot e Vitalk.
Além da privacidade, outro fator apontado pelos participantes da pesquisa foi a acessibilidade para obterem ajuda 24 horas por dia, sete dias por semana ― algo que somente uma automação é capaz de proporcionar.
“Não temos um bilhão de terapeutas no mundo, então precisamos de tecnologia”, disse Schawbel. “Mas não existem robôs substitutos para um dos maiores valores que os terapeutas humanos oferecem: a empatia humana. Os robôs ainda não podem fazer isso.”
70% das pessoas tiveram mais estresse e ansiedade no trabalho em 2020 do que em qualquer outro ano anterior
85% das pessoas afirmam que problemas de saúde mental no trabalho afetam sua vida doméstica
À medida que as fronteiras entre os mundos pessoal e profissional estão cada vez mais confusas, 35% por cento das pessoas estão trabalhando mais de 40 horas por semana, e 25% das pessoas estão esgotadas pelo excesso de trabalho
75% disseram que robôs terapeutas ajudaram sua saúde mental no trabalho
68% das pessoas preferem falar com um robô em vez de seu gerente sobre estresse e ansiedade no trabalho e 80% das pessoas estão abertas a ter um robô como terapeuta ou conselheiro
76% por cento das pessoas acreditam que sua empresa deveria fazer mais para proteger a saúde mental dos colaboradores
83% da força de trabalho global gostaria que as empresas fornecessem tecnologia para apoiar a saúde mental, incluindo acesso de autoatendimento a recursos de saúde (36%), serviços de aconselhamento sob demanda (35%), ferramentas proativas de monitoramento de saúde (35%) , acesso a aplicativos de bem-estar ou meditação (35%) e chatbots para responder a perguntas relacionadas à saúde (28%)
+NOTÍCIAS
Conheça a tendência dos Superjobs
Você conhece o mundo BANI?
As principais inovações do ano, segundo a Times
Coluna: O potencial inovador da educação