Microsoft quer captar R$ 100 milhões até 2024 para empreendedorismo feminino
Iniciativa da Microsoft vai investir até R$ 5 milhões em negócios liderados por mulheres e promover educação empreendedora
POR Luiza Bravo | 05/12/2019 11h00A presença de mulheres em startups vem crescendo nos últimos anos, mas ainda é pequena. De acordo com a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), a participação feminina nessas empresas é de apenas 14,52%. Quando analisamos os cargos de liderança nas organizações de base tecnológica, o índice é ainda mais impressionante: cerca de 2%. Para tentar colaborar com a mudança dessa realidade, a Microsoft lançou o WE, um programa de estímulo ao empreendedorismo feminino.
A iniciativa conta com o apoio do Sebrae, do Bertha Capital e da Belvedere Investimento, e tem o objetivo de reduzir a lacuna entre o número de empreendedores homens e mulheres no Brasil.
Como funciona
O programa é composto por dois pilares: o Fundo de Investimento em Participações de Capital Semente e o Portal WE. O fundo já conta com R$ 50 milhões e, segundo a Microsoft, tem o objetivo de captar R$ 100 milhões até 2024. As startups receberão aportes que vão de R$ 500 mil a R$ 5 milhões.
Por meio do Portal WE, as líderes das empresas selecionadas terão acesso a capacitação de negócios e de tecnologias digitais, além de mentoria técnica com especialistas em marketing, administração, finanças e programação.
Em comunicado oficial, o vice-presidente da Microsoft Participações diz que a iniciativa pode gerar uma espécie de efeito dominó no empreendedorismo feminino. A vice-presidente da ABStartups, Tania Gomes, concorda.
“Toda vez que se investe em mulheres, essas mulheres se preocupam com outras ao seu redor, empregam outras mulheres”
Tania Gomes, vice-presidente da ABStartups
“Pra mim, a grande questão de termos mulheres à frente de negócios é que a gente empodera outras mulheres, a gente faz com que essas mulheres se sintam confortáveis em posições de liderança”, diz Tania, em entrevista ao Whow!.
“O dinheiro tá na mesa e também é acessível para mulheres. Isso é incrível pra quem precisa fazer seu negócio escalar”
Tania Gomes, vice-presidente da Associação Brasileira de Startups
Obstáculos e estímulos
Uma pesquisa realizada pela Global Entrepreneurship Monitor em parceria com o Sebrae apontou que as mulheres foram responsáveis por metade dos negócios abertos no Brasil em 2018. Em compensação, de acordo com a Rede Mulher Empreendedora, apenas 28% delas se sentem seguras com a gestão financeira do seu negócio.
A apreensão não é infundada, afinal, os desafios financeiros enfrentados por mulheres que decidem empreender começam antes mesmo de elas abrirem as empresas.
Segundo o Boston Consulting Group, as mulheres têm mais dificuldade para captar investimentos, e chegam a receber US$ 1 milhão a menos, ainda que seus negócios gerem mais receita do que os fundados por homens.
Os fundos de investimento, no entanto, estão percebendo cada vez mais a importância de ter diversidade em seus portfólios.
No Brasil, alguns movimentos para fortalecer o papel das mulheres nos ecossistemas de empreendedorismo e inovação têm se destacado. É o caso da MIA – Mulheres Investidoras Anjo. Fundado em 2013, o movimento estimula o investimento-anjo feminino para apoiar empreendedoras de startups.
A Rede Mulher Empreendedora é outro caso de sucesso no país. Trata-se da maior plataforma de apoio ao empreendedorismo feminino do Brasil: possui 100 embaixadoras e 50 influenciadoras, além de um grupo no Facebook com mais de 57 mil membros.
Inspiração
Apesar dos desafios, nem sempre a trajetória de mulheres empreendedoras é marcada pela discriminação de gênero. A arquiteta Marcia Milanez, fundadora do Upik-Arquiteto de Bolso, é prova disso. Em 2016, com o propósito de democratizar a arquitetura, ela montou um escritório móvel em um trailer, especializado em espaços pequenos e projetos rápidos.
O negócio deu tão certo que ela e o sócio perceberam que, para escalar, precisariam deixar o escritório físico de lado e passar a atuar digitalmente. A empresa entrou em uma aceleradora e, desde então, não para de crescer. Marcia garante que nunca sentiu preconceito dos investidores pelo fato de ser mulher.
“Acho que é uma questão de postura. Trabalho com obras, em ambientes predominantemente masculinos, desde os 17 anos, então estou acostumada a me impor”, diz.
“Além disso, os ambientes de startups são mais abertos às diferenças, e arrisco dizer que dão até mais espaço para mulheres do que escritórios tradicionais”
Marcia Milanez, fundadora do Upik-Arquiteto de Bolso, ao Whow!
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