Futurability: uma nova mentalidade para o conceito de casa na pandemia
O isolamento social dissolveu as fronteiras entre espaço público e privado e está ressignificando nossa relação com os ambientes da casa
Nunca passamos tanto tempo dentro de casa. As orientações de isolamento social impostas pela pandemia do novo coronavírus nos obrigaram a desenvolver novas atividades em um espaço que antes, era dedicado exclusivamente ao descanso e ao convívio familiar. Com isso, ressignificamos nossa relação com a casa, que agora desempenha papéis, também, de escritório, academia e escola, por exemplo. Essas mudanças são tema do relatório “Futurability – Morar”, elaborado pela consultoria de inovação e design Questtonó.
Novos cuidados com a casa
O relatório destaca a complexidade do “sistema morar”, por meio do qual realizamos diferentes atividades e experimentamos diferentes sensações. Com a pandemia, a casa se tornou nosso único habitat seguro, transformando-se em uma espécie de “reino protegido”, de onde nos relacionamos com o resto do mundo.
“O morar era basicamente o seu recolhimento para a vida privada, o espaço físico para onde você ia quando saía do mundo. Agora, com a quarentena, é o espaço onde você permanece e de onde você também acessa o mundo. Isso pode gerar aspectos muito interessantes e outros problemáticos, como a perda de um ambiente de intimidade privada, caso a gente não se policie e não consiga ter a possibilidade de ligar e desligar nossa casa do universo on-line”, diz o futurista Barão di Sarno, sócio-fundador da Questtonó, ao Whow!.
Nessa nova realidade, a porta de casa passou a funcionar como uma espécie de fronteira, com rígidos protocolos de controle. Surgem, assim, o que o estudo chama de “soluções de entrada”: elementos que “filtram” o que pode ou não entrar no ambiente privado com segurança.
O relatório prevê que esse sistema de controle se tornará mais severo e novas soluções vão surgir, como por exemplo, novas maneiras de fazer a descontaminação dos indivíduos e dos itens que chegam da rua. O desenvolvimento do delivery também contribui para a transformação deste ambiente, que vai precisar, cada vez mais, viabilizar e controlar o recebimento de mercadorias.
Soluções de entrada em casa produzidas pela Questtonó. Foto: divulgação
Autossuficiência
Para Barão, uma das maiores lições que podemos tirar dessa pandemia diz respeito à nossa capacidade de autossuficiência. Ele explica que a conveniência da vida na cidade nos fez perder as habilidades necessárias para sobreviver sem sermos tão dependentes de mercadorias.No entanto, nos últimos meses, tivemos que aprender novas habilidades para suprir a falta de suporte de serviços e suprimentos, com medo de que itens essenciais pudessem nos faltar.
Passamos, assim, a ter mais autonomia: cortar o próprio cabelo, fazer o próprio pão ou a própria máscara de proteção foram alguns dos hábitos adotados durante esse período, e que aumentam nossa sensação de independência. “A partir do momento que uma pessoa adquire um saber novo, ela se transforma e se torna muito mais empoderada, e você percebe que não precisa necessariamente trabalhar cada vez mais para alimentar esse ciclo vicioso de consumo”, o sócio-fundador da consultoria.
Outro ponto é prática mais frequente de exercícios dentro de casa. A Mirror, plataforma de atividades físicas sob demanda, fundada em 2016 pela empreendedora e ex-dançarina do Bale de Nova York, Brynn Jinnett Putnam, funciona em uma tela, como se fosse a televisão na vertical, com movimentos personalizados, através de dados biométricos e feedback do usuário.
Um espaço, múltiplas funções
Outra perspectiva que mudou nos últimos meses é sobre o que representa cada cômodo da casa. Antes, eles eram bem definidos, num modelo tripartido, com área social, de serviço e privativa. Agora, a casa abarca outras funções, como trabalho, academia, praça e escola. Segundo o futurista, os cômodos passam a assumir funçõesdiversas:
“Nessa perspectiva, a casa assume um aspecto multifuncional, mais interativo. Passamos a pensá-la como um hardware que pode rodar diferentes softwares.”
Barão di Sarno, futurista e sócio-fundador da Questtonó
Essa nova realidade tem estimulado o desenvolvimento de tecnologias que permitem, por exemplo, que as pessoas trabalhem melhor, cultivem plantas, interajam com outras e se exercitem sem sair de casa.
Barão ainda comenta que, a mudança está muito mais relacionada a uma questão de mentalidade, do que de tecnologia em si. “A gente começa a ver ambientes mais diversificados, uma casa mais aberta, que pode mudar a disposição de cômodos, condomínios com lógica de coliving, com mais espaços compartilhados, onde a gente pode realizar mais tarefas diferentes do que aquelas que a gente teria condições num espaço completamente privado”, explica. “Alguns empreendimentos imobiliários novos já estão levando em conta essa perspectiva, que consegue equilibrar de forma mais saudável a vida individual e coletiva.”
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