A indústria de jogos cresceu para US$ 120,1 bilhões em 2019, com perspectiva de progresso para 4% ainda em 2020, segundo a Nielsen.
Além disso, somente em 2019, a plataforma de streaming Twitch gerou mais de US$ 1,5 bilhão em receita, além de milhares de horas de conteúdo criado pelos usuários.
Com um mercado que corre por fora da crise, muitos profissionais, sejam iniciantes ou experientes, se interessam pela carreira na área de desenvolvimento de jogos. Mas muitos ainda acreditam ser uma carreira exclusiva para quem sabe ou deseja aprender a programar ― o que não necessariamente é verdade.
Para compreender algumas das alternativas dessa profissão, conversamos com Carol Gardel, professora da Apple Developer Academy (programa da PUC-Rio em conjunto com a Apple) e os alunos Gorette Soares Tavares e Lucas Bernardo Furtado.

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Desenvolver sem programar
Gorette Tavares, Gamer e UX Designer, e aluna da PUC-Rio, explica que criar jogos vai muito além de programá-los, pois outras habilidades são necessárias, como arte, sonorização, marketing e game design. E para Lucas Furtado, o fator lúdico dos games, muitas vezes, é o próprio potencializador do pensamento computacional ou raciocínio lógico.
Eles próprios, inclusive, não são programadores por formação. Gorette estuda Desenho Industrial, e conta que teve o desejo de trabalhar com games no início da faculdade, mas não acreditava que pudesse existir espaço para ela na carreira. “No início me senti um pouco distante, como se aquilo não fosse para mim. Parte desses pensamentos vieram por achar que não tinha perfil para trabalhar com jogos pois, observando os colegas que trabalhavam na área, todos tinham algo em comum: eram homens e gamers fervorosos”, declara.
Contudo, em 2018 ela teve a oportunidade de desenvolver seu primeiro jogo dentro da Apple Developer Academy, junto com outros três alunos. Um ano depois o projeto tomou forma, e se tornou o jogo Following Seas, com previsão de lançamento para iOS até a metade de 2020.
Alternativas para aprender
Lucas Furtado também é parte dos desenvolvedores do Following Seas. Enquanto Gorette cuida da parte de Design, ele ― que é estudante de Engenharia Química ― é programador do jogo, mas aprendeu a função diretamente na Apple Developer Academy.
Ele explica, porém, que o trabalho não se resume à parte de códigos: “São muitas tarefas interligadas. Às vezes começo a lidar com código e depois estou cuidando da divulgação nas redes sociais, analisando tarefas dos sprints e pesquisando sobre modelos de negócios.”
A professora Carol Gardel esclarece que existem múltiplas formas de se aprender a programar, começando pelo bom e velho papel. “Normalmente tentamos começar os testes de jogo da forma mais simples possível, usando papel ou simulações. Só depois vem o código”, explica.
Uma boa forma de aprender, segundo Carol, é baixar a plataforma de desenvolvimento Unity, que é totalmente gratuita. Fora isso, é só colocar a mão na massa: “Existe uma comunidade excelente de tutoriais no YouTube, Udemy e outros. Outra dica é se aproximar da comunidade de jogos. Eu, por exemplo, fiz parte da Rio PUC Games. Assim você vai aprendendo com amigos, participando de jams etc. Essas conexões são importantes”.

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Comunicação é característica fundamental na profissão
Enquanto o desenvolvedor de games não precisa se limitar à skill de programador, Carol e os alunos são unânimes ao selecionar uma característica fundamental a todos os profissionais da área: a capacidade de comunicação.
Para a professora, um bom game designer precisa, antes de mais nada, saber trabalhar em grupo e ouvir feedback.
“Parece clichê, mas acredito que essas habilidades emocionais venham antes de algumas outras pois, nessa área, o profissional precisa ter jogo de cintura para fazer várias mudanças”
Carol Gardel, professora da Apple Developer Academy
Gorette e Lucas concordam, e acrescentam que é essencial saber trabalhar em equipe no mercado de jogos, seja para criar projetos em grupo, fazer testes ou desenvolver networking. “Precisa saber passar o bastão do que for necessário, vestir a capa de super-herói ou super-heroína da motivação e levantar o ânimo da equipe, principalmente se for um time pequeno”, recomenda Lucas.