Estudiosa a mais de uma década sobre a tendências de comportamento, Iza Dezon, sócia-fundadora da Dezon Consultoria Estratégica, apontou quais são as novidades para o setor do varejo, durante o primeiro dia do Whow! Festival de Inovação 2020. Ela também abordou como os novos comportamentos dos consumidores podem gerar inovações em novos produtos, serviços, estratégias e comunicação.
Através de um estudo em parcerIa com a Peclers Paris, do Grupo WPP e a Galeries Lafayette realizado entre 2017 e 2018, Iza aponta que o futuro do varejo demanda diversas camadas de atenção. “Estamos mergulhando na Era da Emoção. Este é um novo momento sobre como estabelecemos novas trocas, entre marca e consumidor”, explica. Ela acrescenta que o cenário atual é o de um mundo incerto, mutante e desafiador, isso mesmo antes da pandemia. E ainda aponta que 80% dos nossos impulsos são emocionais.
Outro ponto abordado, dentro das principais tendências para o varejo, segundo a especialista, é o engajamento da geração millennial, os nascidos entre 1980 e 1994. “Em 2016 já víamos 51% dos millennials buscando marcas que se posicionam politicamente”, comenta.
Encontro com a marca no varejo
Iza comenta que, apesar do crescimento do varejo no ambiente digital, durante a pandemia da covid-19, e também do omnichannel, deve-se dar atenção para a importância do encontro com a marca. Ela traz a visão da norte-americana Emily Wengert de que: “O varejo físico não vai morrer. O varejo chato, sim.” Isso incentiva os varejistas a focarem na motivação para tirar alguém de casa e ir até uma loja física.
“O varejo deve ser muito mais do que uma loja, deve ser um encontro surpreendente que traga algo da marca e uma experiência dela que realmente seja disruptiva”, complementa a sócia-fundadora da Dezon Consultoria Estratégica.
O varejo pode ser um lugar sem “paredes”? Na visão da especialista este deve ser um dos objetivos para uma marca de sucesso, com uma jornada de compras totalmente livre e sem restrições, e ainda com uma conexão entre o físico e digital. Ela cita dois exemplos: paredes inteligentes no Walmart, antes da entrada e a loja de beleza do Tom Ford, conectada para romper as barreiras entre o físico e o digital.
Tendências-chave

A relação dentro e fora das telas precisa ficar cada vez mais fluída no varejo, segundo a pesquisadora de tendências do comportamento. Imagem Durasport: divulgação
A cultura de estar a qualquer momento em qualquer lugar e em qualquer aparelho, conhecida como Experiência Atawad, é apontada por Iza como uma necessidade para o varejo. Mas ela comenta algumas dificuldades com a potencialização do digital e com os seus milhares de desdobramentos. “Vemos muito forte as imersões polisensoriais como uma forma de conectar com o consumidor para chamar a atenção dele que é tão dispersa. E assim criar uma experiência mais imersiva para que ele se concentre naquele momento”, comenta.
Iza também fala que os influenciadores, até mesmo os não humanos, estão em alta no conceito da nova geração de consumidores, que está disposta a seguir até pessoas que não existem. Mas este grupo também quer criar os seus próprios avatares. A especialista completa ao dizer que este movimento saiu dos videogames para a criação de novas comunidades.
Ela também diz que outra tendência-chave no varejo é o mergulho em multirealidades, uma mistura entre a realidade natural com a aumentada. E isso pode realizar a conexão de onde você está com o local no qual gostaria de estar.
Novos territórios de inovação
A relação dentro e fora das telas precisa ficar cada vez mais fluída no varejo, segundo a pesquisadora de tendências do comportamento. “O que a gente vê, principalmente na geração Z, é este desejo de ter uma experiência fluída entre o smartphone e o espaço físico. E olhar para o espaço físico a partir das perspectiva do aplicativo e de uma plataforma digital”, explica.
Um exemplo citado é o da Nike House of Innovation, em Nova York, onde o consumidor pode entrar na loja e ir para um local chamado de Speed Shop, no qual ficam os produtos mais adquiridos pelos nova-iorquinos, de acordo com os dados obtidos nas compras. Assim, a pessoa pode abrir um armário, pegar o produto desejado e sair, sem interagir com ninguém. “Tudo o que vem gerando menos contato físico será mais promissor. E, hoje, com a pandemia, vemos como isso está se potencializando”, comenta Iza.
Já outra marca esportiva, a Durasport, lançou no aeroporto de Singapura uma parede de escalada giratória para o teste dos aparelhos, principalmente de sapatos para a prática do esporte, no local.
“Precisamos focar na singularidade. Busque realmente quem é o seu público e atenda as necessidades dele, em vez que atender as necessidades de todos ao mesmo tempo.”
Iza Dezon, sócia-fundadora da Dezon Consultoria Estratégica
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