Medicina preventiva, extinção da sala de espera, dados integrados com o paciente e Big Data; veja como a tecnologia moldará os hospitais
A tecnologia e assistência médica estão unindo forças para influenciar o design dos hospitais do futuro, facilitando a experiência dos pacientes e, consequentemente, obtendo maiores resultados de cura.
Melhorar os índices de saúde global é um dos grandes desafios da humanidade a longo prazo. Pesquisadores no mundo todo estão focando no desenvolvimento de hospitais inteligentes, que trazem atendimento ágil, funcional, confortável e de baixo custo, para atender uma parcela maior da população, sobretudo em países emergentes.
Para isso, não basta apenas que se crie novas ideias altamente tecnológicas na medicina, mas que os métodos tradicionais também possam ser repensados, para que seja possível fornecer atendimentos mais eficazes para pessoas de baixa renda.
Foto (Pixabay)
Automação e prevenção
A Deloitte US conduziu uma simulação de crowdsourcing com 33 especialistas da área médica de todo o mundo, a fim de sugerirem soluções inovadoras para o design de hospitais digitais da próxima década. O resultado da simulação foi condensado em cinco pontos primordiais:
Redefinir a assistência, com melhorias em monitoramentos clínicos, impressões 3D para cirurgias e centros digitais com algoritmos que facilitem tomadas de decisões rápidas;
Prover uma experiência digital para o paciente, com aplicativos baseados em inteligência artificial, que permitem interação com o hospital;
Aprimorar os talentos do staff, deixando tarefas burocráticas na mão de robôs e IAs para que profissionais de saúde possam focar em melhorar suas habilidades;
Melhorar os resultados operacionais por meio da tecnologia, através de automação, robótica e sistemas de dados integrados para gerenciamento de operações administrativas; e
Desenvolver melhores projetos de cura e bem-estar, tanto dos pacientes quanto do staff, com ênfase no ambiente e no gerenciamento da saúde e medicina preventiva.
IA na experiência hospitalar
Poucas coisas são mais frustrantes do que a experiência vivida em uma sala de espera de hospital. Desconfortáveis e sem uma perspectiva clara de quando ocorrerá o atendimento, a situação piora de figura quando o assunto é atendimento público em áreas remotas.
Foi através dessa frustração que Alexis Laugerette, engenheiro biomédico e físico francês, elaborou um projeto que repagina os atendimentos hospitalares do futuro. Na Techfest de Munique, na Alemanha, Alexis se inscreveu em um hackathon – uma maratona de ideias para programadores e profissionais de TI oferecerem soluções para problemas comerciais específicos.
Alexis venceu a disputa com um software que usa machine learning para melhorar a experiência hospitalar de pacientes. A primeira parte do sistema é voltada ao hospital, e é muito semelhante aos softwares já utilizados nessas instituições, para agendamentos e armazenamento de dados – com a diferença que esse programa estaria sincronizado com smartphones e smartwatches dos pacientes.
Essa sincronia seria capaz de informar ao cliente a respeito da estimativa de espera para seu atendimento, levando em conta os graus de prioridade das outras pessoas da fila, distribuindo hierarquia de prioridade de acordo com urgências.
Outra funcionalidade do programa envolve a sincronia de dados com sensores inteligentes nas instalações do hospital, que provém informações sobre o conforto dos pacientes em relação à temperatura ambiente, som e iluminação, podendo ajustá-los para que correspondam à média de forma mais adequada.
Graças à vitória no hackathon, Alexi e os membros de sua equipe foram convidados a trabalhar com a GE Healthcare em Budapeste, na Hungria, para explorar maneiras de comercializar essa ideia.
Foto (Freepik)
Ecossistema descentralizado
Na projeção de futuro para hospitais da McKinsey & Company, os ambientes hospitalares serão exclusivos para grandes cirurgias, terapias intensivas, gerenciamento de traumas graves e de outras condições agudas. Outros tratamentos médicos, procedimentos menores, serviços ambulatoriais e de diagnóstico seriam oferecidos apenas em centros ambulatoriais. Já a medicina preventiva seria ofertada diretamente em clínicas, academias de ginástica e até nas casas dos pacientes.
Porém, uma característica desse ecossistema seria o serviço de dados integrados entre todos eles, por meio de nuvem, além da automação de tarefas por meio de máquinas. Por exemplo, dispositivos caseiros de medição de diagnósticos ambulatoriais, como pressão arterial, temperatura corporal, batimentos cardíacos e glicose, que enviam dados automáticos para centrais de saúde assim que detectem qualquer irregularidade.
Reabilitação virtual em ortopedia
O Future Health Index da Philips também investigou como a indústria 4.0 vai desenhar os hospitais no futuro. Além das inovações em big data e inteligência artificial, eles sugerem que a fisioterapia sofrerá uma grande transformação, com o surgimento de dispositivos sensores conectados a um dispositivo móvel, que podem orientar os pacientes em sua rotina diária de exercícios em casa.
Os sensores fariam a gravação da amplitude de movimento, dados seriam compartilhados em tempo real, para que os médicos pudessem ajustar os protocolos de exercícios, e um avatar virtual orientaria os pacientes durante as atividades.
De acordo com a pesquisa, o ponto central dos hospitais do futuro não é sobre o que a tecnologia e as ferramentas podem fazer, mas sobre o que os profissionais de saúde não precisarão mais fazer. Ao liberar o tempo dos médicos, eles poderão se concentrar mais na prestação de atendimento presencial e, com a ajuda da tecnologia, maximizarão os níveis de desempenho e os resultados de saúde.
Diagnóstico por realidade aumentada
O dispositivo AccuVein já é uma realidade. O scanner localizador de veias projeta uma imagem real dos nervos do paciente, através de luz infravermelha. O dispositivo ajuda no diagnóstico de irregularidades, na melhor localização para exames intravenosos, na administração de medicamentos, na reconexão de vasos sanguíneos e outros tratamentos que dependam dessa visualização.
A realidade aumentada também irá tornar as cirurgias cerebrais mais fáceis, com cirurgiões que vão operar enquanto visualizam uma projeção real do interior da cabeça do paciente.
A empresa Magic Leap, em parceria com a Brainlab, desenvolveram um óculos baseado em RA, big data e computação espacial, que é capaz de exibir uma imagem flutuante do cérebro, atualizada em tempo real, para que os médicos tenham muito mais precisão durante a operação.
Esse tipo de tecnologia também já está sendo experimentado para que tomografias e dados de ressonância magnética sejam exibidos diretamente no corpo do paciente.
Um experimento chamado ProjectDR está atualizando essa possibilidade, através de um sistema de rastreamento de movimento que utiliza câmeras infravermelhas e marcadores no corpo do paciente, além de um projetor que exibe as imagens.
Seus desenvolvedores pretendem que essa tecnologia seja usada no ensino de medicina, em fisioterapias, cirurgias laparoscópicas, melhora de precisão diagnóstica, cirurgias e planejamento cirúrgico de modo geral.
Instalações no Brasil
Em outubro de 2018, o diretor da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) anunciou que a cidade de Londrina (PR), receberá o primeiro hospital inteligente do Brasil, através de uma unidade ambulatorial e uma UPA, que servirão como projeto-piloto. A ideia é que lá sejam testadas soluções para que, futuramente, possam ser implementadas no resto do país – sobretudo as tecnologias de telemetria, internet das coisas e sensoriamento, que já são utilizadas em muitos países e estão com atraso no Brasil.
Apesar de um acordo de colaboração mútua ter sido assinado com a prefeitura do município, o hospital inteligente ainda está sem planos de sair do papel, e o país segue sem nenhum projeto completo de smart hospitals, com exceção com algumas instalações isoladas em centros particulares.
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