Um trabalho conjunto entre universidades dos Estados Unidos está tentando dar voz aos cachorros. Isso mesmo, colocar os animais para que se comuniquem com os humanos, com ambos falando o mesmo idioma. Para isso, as universidades estão desenvolvendo uma espécie de colete que converte ações dos bichos em voz humana.
“Em nossos testes, na primeira vez que as pessoas ouvem, elas pulam para trás ou simplesmente não acreditam no que ouviram”
Melody Jackson,
Diretora do Laboratório de Interação com Animais e Computadores da escola e também diretora do projeto FIDO.
O caso é parte do livro Doctor Dogs: How Our Best Friends Are Becoming Our Best Medicine (sem tradução em português), de Maria Goodavage, jornalista do The New York Times.
A equipe de pesquisadores do projeto FIDO está desenvolvendo os sensores que podem ser acionados por cachorros. Um dos primeiros casos no qual o grupo pretende testar sua invenção é em cães-guia que trabalham com crianças autistas.
A ideia é que os cães ampliem suas tarefas no relacionamento com as crianças. Melody lembra que eles são capazes de detectar um colapso iminente em uma criança e, com o colete, podem ser treinados a se aconchegarem perto delas antes de uma crise e pedir gentilmente: “você poderia me acariciar?”.
Cães-policiais
A pesquisadora explicou que o colete tem uma discreta caixa que emite o som assim que acionado pelo animal. Para acionar o dispositivo, os cães precisam ser treinados para puxar uma aba no colete ou só pela aproximação do focinho.
Melody afirma que a invenção poderá ser usada, em breve, por cães policiais que, treinados, podem identificar pelo olfato o tipo de explosivo, se mais ou menos instável, diferenciando, por exemplo, TATP de C4.
A informação deve ser crucial para o desarmamento de bombas. Os cães têm o olfato para reconhecer o explosivo, os homens, a técnica certa para desarmar cada tipo.
Voz personalizada
A pesquisadora colocou uma voz masculina de um cidadão do sul dos Estados Unidos em seu border collie Sky. Durante a pesquisa, Melody comprovou que os donos esperam que a voz dos seus animais corresponda ao seu sexo.

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Mais importante que o tom e a personalidade da voz, é a mensagem. Por meio de seu colete, Sky tem a capacidade apenas de dizer “Meu dono precisa de sua atenção! Por favor, siga-me!”. A ideia agora é ampliar a biblioteca de termos que os cachorros poderão “falar”.
Outros papos
Segundo o livro, pesquisadores tentam encontrar meios de descobrir se os cães são capazes de distinguir expressões em um rosto humano. Outros ainda treinaram mais de 200 cães de estimação para tocar algumas imagens em uma tela a fim de pedir ajuda ou se relacionar de alguma outra forma com os humanos.
Os pesquisadores do FIDO estão investigando, também, a reação dos animais a cores, formas, tamanho e posicionamento dos ícones. O objetivo é verificar se os cachorros podem ser treinados para usar uma tela sensível ao toque para comunicar informações específicas. Robôs, cães e humanos interagindo. Relações que nem a ficção científica vislumbrou.
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