Em novembro, o CEO da Nestlé do Brasil, Marcelo Melchior, assinou a carta de adesão ao Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ e aos seus dez compromissos. Isso significa que a companhia assume formalmente o empenho em estimular a diversidade e inclusão em seus escritórios e fábricas no Brasil.
Hoje, a empresa tem um comitê exclusivo dedicado ao tema e um grupo aberto de discussão na sua ferramenta de comunicação interna, onde divulga informações e realiza troca de melhores práticas e aprendizados. No Brasil, a Nestlé tem 32 mil funcionários diretos.
Atualmente, há 77 empresas signatárias ao Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, quase todas multinacionais, como Ambev, 3M, Basf, Bayer, Coca-Cola, Google, Itaú e P&G.
Há também na lista consultorias, como Accenture, KPMG e Bain & Company, e escritórios de advocacia, como Demarest e Mattos Filho. Por fim, completam a lista algumas poucas startups: Resultados Digitais e Salesforce.
Promover a diversidade nas empresas, como mostram as organizações signatárias, é possível e o plano de trabalho para que isso aconteça de verdade na prática depende do estágio de maturidade de cada companhia em relação ao tema. De forma geral, os 10 compromissos enumerados pelo Fórum dão o caminho.

Foto Wokandapix (Pixabay)
1.Alto escalão engajado
A presidência da empresa, bem como os demais executivos do topo da hierarquia, precisam dar o exemplo e abraçar a diversidade, respeitando a promoção dos direitos LGBTI+. Para isso, podem e devem tratar do tema em suas falas, documentos e políticas da empresa.
2.Igualdade de oportunidades para diversidade
É preciso que haja um tratamento justo às pessoas LGBTI+. Para isso vale estabelecer políticas e práticas de não discriminação em processos de recrutamento e seleção, criando, inclusive, metas específicas para a inclusão de travestis e transexuais.
3.Ambiente respeitoso
O local de trabalho precisa ser seguro e saudável para as pessoas LGBTI+. Os gestores e as equipes, portanto, precisam ser capacitados no tema da diversidade sexual e deve ser considerada a implantação ou o aprimoramento do canal de reclamação de empregados considerando a diversidade sexual, a vulnerabilidade do segmento LGBT a práticas de discriminação e as necessidades específicas de capacitação dos operadores do canal para lidar com as situações.
4.Educação para todos
É trabalho da organização, por meio de comitês específicos ou da área de recursos humanos, sensibilizar e educar toda a equipe em relação ao respeito aos direitos LGBTI+. É possível definir ou incluir no calendário da empresa datas relacionadas à comunidade LGBT e sua luta por direitos, trabalhando os temas na comunicação interna. Também é válido realizar eventos internos ou apoiar eventos da comunidade com participação do segmento LGBT, dando visibilidade ao tema da diversidade sexual, ao compromisso da empresa com direitos humanos e sua relevância para o ambiente de trabalho e o relacionamento com todos os stakeholders.
5.Grupos de afinidade
A empresa deve estimular e apoiar a criação de grupos de afinidade LGBTI+ para ampliar o diagnóstico da situação, aprendizados no tema e proposição de soluções. É importante formalizar a criação ou a existência do grupo no sistema de governança das ações de valorização da diversidade ou outros sistemas de gestão da empresa, garantindo que os diagnósticos, proposições e planos de ação sejam considerados institucionalmente.

Foto Sharon Mccutcheon (Unsplash)
6.Comunicação acertada
Promover o respeito aos direitos LGBTI+ na comunicação e marketing também é papel da empresa que quer promover a diversidade. Por isso é preciso cuidar, por meio de acompanhamento formal da área interna de comunicação e marketing e de agências parceiras, que não se produzam ou utilizem campanhas com conteúdo que discrimine as pessoas LGBT. Além disso, também é possível pensar na inserção de mensagens positivas sobre os direitos LGBT na comunicação da companhia.
7.Abrangência ampla
A empresa deve considerar as perspectivas, expectativas e demandas específicas do segmento LGBT no planejamento de produtos e serviços sempre que se mostrar viável e respeitoso para com seus direitos. Também é importante cuidar da qualidade do atendimento a pessoas do segmento LGBT, primando por relacionamentos respeitosos, inclusivos e que considerem suas especificidades em ferramentas, protocolos, processos e procedimentos. Atenção especial a casais do mesmo sexo, a travestis e transexuais.
8.Desenvolvimento profissional
Desenvolver e apoiar ações de capacitação de membros do segmento LGBT na empresa ou com parceiros de desenvolvimento e qualificação profissional. Atenção especial a travestis e transexuais.
9.Além do quadro de funcionários
Também é missão da companhia promover o desenvolvimento econômico e social das pessoas LGBTI+ na cadeia de valor, incentivando, por exemplo, programas que favoreçam o empreendedorismo de pessoas do segmento LGBT, com ênfase no apoio a travestis e transexuais.
10.Apoio à comunidade
Considerar o tema dos direitos LGBT nos conteúdos trabalhados no investimento social privado ou ações sociais e comunitárias realizadas ou apoiadas pela empresa.
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