Especial cidades do futuro: conheça o bairro inteligente projetado pelo Google
O local fica em Toronto, no Canadá, e conta com ônibus autônomos, calçadas aquecidas e coleta subterrânea de resíduos. Confira
POR Luiza Bravo | 27/04/2020 12h42Um bairro inteligente construído a partir da internet. Esse é o projeto Quayside, desenvolvido pelo Google em parceria com a subsidiária Sidewalk Labs, especialista em inovação urbana. Em desenvolvimento desde 2017, o Quayside promete reunir, de forma planejada, um conjunto de tecnologias de ponta e técnicas de análise de dados que, juntas, poderão melhorar a qualidade de vida da população. O projeto fica na cidade de Toronto, no Canadá.
Como será a vida em Quayside
O projeto inicial previa ocupar uma área de 76 hectares, mas o Waterfront Toronto, grupo que supervisiona a área de desenvolvimento da cidade, autorizou a construção em uma área de apenas quatro hectares – cerca de quatro campos de futebol.
O grande diferencial de Quayside é sua “malha digital”: dezenas de milhares de sensores monitoram tudo que acontece no bairro. Conectados a um software, eles permitem um alto grau de controle das atividades locais e conseguem até mesmo prever o que vai acontecer na próxima meia hora: aonde as pessoas vão, o que vão fazer e consumir.
A ideia é que o projeto sirva de laboratório, onde serão testadas tecnologias para serem usadas em outros bairros e cidades inteligentes ao redor do mundo. Segundo a Sidewalk Labs, 51% do bairro serão compostos por áreas verdes. Os carros e táxis serão autônomos, e os bondes elétricos devem circular em linhas predefinidas. No subsolo, uma rede de túneis possibilitaria a coleta de lixo por robôs em formato de paletes.
Outro aspecto que chama a atenção em Quayside é que praticamente tudo pode ser remodelado: semáforos, prédios, lixeiras e outros aparatos públicos, que hoje são instalados com base em previsões urbanísticas, poderão ser redistribuídos de acordo com dados reais, que refletem os verdadeiros hábitos da população.
O projeto também prevê que o piso das ruas seja feito em madeira e fixado com parafusos, permitindo, assim que as ruas sejam redesenhadas facilmente. Dependendo do movimento, os pontos luminosos podem mudar a orientação nas vias automaticamente, melhorando o tráfego. Os semáforos inteligentes também colaboram para isso, calculando a velocidade e concentração de carros, ciclistas e pedestres em tempo real.
Para evitar acidentes, as placas de madeira contam com um sistema de aquecimento próprio, capaz de derreter o gelo que costuma se acumular nas ruas por vários meses ao longo do ano em Toronto.
https://www.youtube.com/watch?v=yDNDM0k7A3s
Polêmica sobre controle de dados
Apesar de todas as vantagens que a tecnologia pode oferecer em uma cidade inteligente, o projeto de Quayside vem levantando discussões sobre a privacidade, já que depende da coleta e supervisão de dados de seus habitantes para funcionar plenamente.
Líderes de associações comunitárias de Toronto se reuniram para apresentar suas objeções à coleta e ao rastreamento de dados pessoais. Segundo eles, a prática já é comum no mundo on-line, mas passar a adotá-la na “vida real” pode trazer graves danos. Os críticos do projeto argumentam, por exemplo, que os moradores de Quayside poderiam ficar reféns do Google, sendo obrigados a concordar com sua política de privacidade para ter acesso a serviços municipais básicos, como controle de tráfego e coleta de lixo.
A Sidewalk Labs montou um conselho independente para debater o controle de dados, e garantiu que eles não serão vendidos ou utilizados para fins publicitários.
Em fevereiro, autoridades canadenses derrubaram 16 pontos do projeto de Quayside, incluindo o que deixava a construção das edificações do bairro inteligente a cargo da Sidewalk Labs. Também ficou definido que o Waterfront Toronto será responsável pelos dados dos moradores – uma forma de preservá-los da iniciativa privada.
Outro ponto que precisa ser levado em consideração antes de o projeto de Quayside continuar é o fato do Canadá não possuir uma legislação sobre carros autônomos, nem uma lei geral de proteção de dados – dois fatores fundamentais para o funcionamento de uma cidade inteligente.
As negociações entre a Sidewalk Labs e as autoridades canadenses continuam. Mais de 140 pontos do projeto foram aprovados até o momento, mas ainda não há um calendário de obras, nem uma estimativa de quantas pessoas devem morar no bairro ou frequentá-lo quando estiver pronto.
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