Moqueca, montanhas e praias não têm sido os únicos atrativos do Espírito Santo. O estado tem se destacado em gestão e inovação, com fintechs, edtechs e outras empresas que mostram que o ecossistema das startups vem se descentralizando do quadrilátero Rio de Janeiro-São Paulo-Santa Catarina-Minas Gerais.
Atualmente, centros de inovação e aceleradoras, não são mais atividades estranhas no Estado. Recentemente editais públicos destinaram R$ 79 milhões para pesquisas e bolsas de estudo, com foco no desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação nos próximos anos, de acordo com o Startupbase, da Abstartups. Esse financiamento pode ajudar a aumentar o número de 116 startups locais.
“Na outra ponta do desenvolvimento das startups vem acontecendo o fortalecimento e encadeamento de ações com os demais atores de fomento, de forma orgânica e sistêmica onde cada entidade, dentro da sua expertise, possa colaborar ao estímulo dessas startups. Com isso, o Estado vem caminhando para um ecossistema coeso e que se fortalece a cada dia”, afirma, Arnaldo Marques Barbosa, analista do Sebrae ES.
Cenário de startups no Espírito Santo
A fintech PicPay foi uma das primeiras startups do Espírito Santo a ganhar projeção nacional. O aplicativo de pagamentos digitais por meio do QR code já tem 12 milhões de usuários, e pretende chegar a 20 milhões até julho de 2020. Criada em 2012, a empresa veio da ideia de inovar através de uma incubadora.
“Eu e o Anderson Chamon – outro cofundador do PicPay – crescemos juntos em Vitória e conhecemos o terceiro cofundador, Diogo Roberte, nos corredores da TecVitória, uma incubadora de empresas na cidade” conta Dárcio Stehling, cofundador e Chief People Officer do PicPay.
“Antes do PicPay, vimos uma sinergia nos negócios e buscávamos criar algo que atingisse a massa, fosse disruptivo e que nos permitisse fazer parte de uma transformação relevante”
Para a especialista em inovação da Federação da Indústria do Espírito Santo (Findes ES), Juliana Binda, a importância de incubadoras e outras agências de fomento é um dos responsáveis por esse crescimento das startups capixabas.
“O Espírito Santo está com atores que fortalecem o ecossistema favorecendo o ambiente de inovação. Temos hoje no Estado quase 20 incubadoras, aceleradoras nossa rede de ensino, com ambientes de inovação”, conta.
A Findes inaugurou este ano um hub de inovação e lançou um edital permitindo que 16 startups participem em um programa de empreendedorismo voltado à soluções de multinacionais, com aporte financeiro e econômico.
Robô cão-guia do Espírito Santo
Na academia, Neide Sellin também desenvolveu uma solução e criou uma startup, através da criação de um robô cão-guia, o Lysa.
O projeto vem sendo desenvolvido desde 2016, no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes-Serra) e a inspiração para o nome veio a partir da filha do Steve Jobs.
Uma das soluções do robô é um sensor ultrassônico que evita colisões em altura, como orelhões e outro sensor infravermelho que evita acidentes com buracos.
“Um dos grandes desafios que temos enfrentado é a busca de redução da carga tributária sobre a Lysa e incentivo fiscal por parte do governo, para diminuir o custo final ao usuário. Outro desafio que tivemos foi em relação ao design: criar um modelo que fosse robusto e leve, que conseguisse subir pequenos obstáculos, como calçadas e escada de forma fácil”, argumenta Neide.
Fortalecendo o cenário local
O Espírito Santo ainda aparece em 16º no Ranking 2018 de Competitividade dos Estados no critério Inovação. Para Stehling é preciso inovação com propósito para se fortalecer no mercado, resolvendo as necessidades e dores da sociedade.
“Também é importante pensar fora da caixa, trabalhar com uma equipe aguerrida e buscar apresentar as melhores soluções. Sempre haverá espaço para empresas relevantes tanto no Estado quanto no Brasil e no mundo”
Para o cofundador do PicPay, “é necessário que a inovação seja um pilar central para o desenvolvimento da região e temos um potencial enorme para tornar o Estado em uma referência.”
Já para o analista do Sebrae capixaba, um dos gaps para a inovação do estado é o setor de logística, através de atividades portuárias de movimentação, controle e liberação de cargas, já que o Estado é em boa parte litorâneo.
“Outro setor que vejo com bastante potencial é no agronegócio, onde muitas atividades ainda são realizadas de forma manual onde poderia ser introduzido o fator inovador, através de novas tecnologias para o controle da produção e distribuição”
Arnaldo Marques Barbosa, analista do Sebrae ES
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