Como fica o crédito para scale-ups em tempos de crise?
Veja as dicas da Endeavor para que essas empresas consigam gerenciar seu caixa durante a crise da Covid-19 que afeta o mundo inteiro
POR Luiza Bravo | 07/04/2020 16h28As últimas semanas têm sido de muita apreensão no mercado financeiro. Diante das incertezas causadas pela pandemia do novo coronavírus, investidores de todo o mundo recuaram, transformando as principais bolsas de valores em verdadeiras montanhas-russas.
Os efeitos da Covid-19 na economia prometem se estender pelos próximos meses, e as perspectivas são, até o momento, nada animadoras. Mesmo com alguns negócios crescendo em meio à crise, a grande maioria das empresas está sofrendo com a situação atual, especialmente as que ainda não se consolidaram no mercado. Mas as scale-ups se destacam positivamente neste cenário de incerteza.
Elas são definidas como empresas que crescem pelo menos 20% ao ano, por três anos consecutivos, em número de funcionários ou receita. Além disso, são caracterizadas pelo modelo de negócios escaláveis, que consigam aumentar sua margem de lucro mais do que o número de funcionários.
Movimento das scale-ups
Além do ritmo de crescimento, uma das principais diferenças entre uma startup e uma scale-up é a confiança em torno do retorno sobre o investimento (ROI). As scale-ups já sabem o que funciona e como ser lucrativa, o que as torna muito mais interessantes para os investidores. Mas os impactos do coronavírus estão sendo sentidos por essas empresas também.
O esforço delas se voltou, agora, para a geração de caixa: mais importante do que crescer é sobreviver. De olho nesse cenário, a Endeavor montou uma lista com dicas para que as scale-ups consigam ter acesso a capital em meio a essa crise.
A organização recomenda que os CEOs envolvam as lideranças das empresas e comuniquem quais ações serão tomadas, estabelecendo um cronograma para avaliação e tomada de novas decisões. A consultoria também sugere que cada diretor fique responsável por apenas um projeto, controlando melhor seus orçamentos e prazos. Além disso, é recomendável que toda a equipe seja envolvida na solução do problema de forma otimista.
Outra dica da organização é que as estratégias de negócios das scale-ups sejam feitas com base em um cenário pessimista, considerando possibilidades como queda drástica de receita, alteração de custos e pouco ou nenhum acesso a recursos externos.
Crédito em tempos de crise
A Endeavor também faz uma série de recomendações específicas para que as scale-ups lidem de forma mais amena com as dificuldades financeiras impostas pela crise, evitando, assim, afundar em dívidas. As principais são:
· Cortar excessos de despesas administrativas, como gastos de marketing, já que a demanda está reduzida no momento;
· Investir apenas em canais que possuem retorno imediato;
· Buscar bancos que estejam oferecendo linhas de capital de giro com maiores prazos de pagamento e carência;
· Renegociar o fluxo de pagamentos de fornecedores e com os bancos, a partir de projeções conservadoras de fluxo de caixa;
· Avaliar os pagamentos que podem ser adiados ou ter as datas alteradas para que casem com o fluxo de recebíveis;
· Avaliar quais fornecedores podem ser cancelados ou ter os serviços revistos em relação a valores ou quantidade de serviços prestados;
· Rever sua política de garantias.
Segundo os mentores da Endeavor, o aumenta na demanda por crédito tem gerado maior demora nas análises e aprovações, por isso, é preciso planejamento.
Além disso, na última semana, os bancos encareceram o custo da dívida, em média, 30% a 40%, e também aumentaram as garantias solicitadas. A recomendação é que as scale-ups busquem suporte com grandes bancos, que são mais fortes e tendem a ser mais resistentes à crises.
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