O open innovation, baseado na colaboração entre agentes internos e externos, é o que dita o ritmo da inovação na empresa de energia EDP Brasil. Ente os agentes externos envolvidos, Rafael Marciano, gestor de Estratégia e Inovação da companhia, cita o ecossistema de inovação aberta empreendedor de startups, parceiros de negócios, clientes, instituições acadêmicas e órgãos reguladores, entre outros. “Através dessa rede buscamos desenvolver novos projetos, aplicação de tecnologias de ponta e compartilhamento de conhecimento”, diz ao Whow!.
Até chegar ao estágio atual, a empresa enfrentou desafios. O maior deles, conta o executivo, foi estruturar a área de inovação, tarefa iniciada em 2016, e posicionar a EDP como uma empresa inovadora. “Já havia projetos que envolviam a inovação, mas eram distribuídos entre as áreas. Com a criação de uma área dedicada a isso e com mais pessoas ingressando no time, conseguimos avançar e fazer a inovação adentrar no DNA da empresa e ter seu espaço devidamente reconhecido”, explica.

Arte Grupo Padrão
Cultura da inovação na EDP Brasil
Rafael comenta que a cultura da inovação não nasce de uma hora para outra. “É preciso tempo para maturar e colher frutos”, afirma.
Na companhia, tudo começou com a estruturação da área de inovação baseada na experiência da matriz da multinacional, que fica em Portugal. “Aprendemos muito, mas tínhamos peculiaridades da realidade brasileira com as quais tínhamos de lidar”, diz. “Precisávamos nos aproximar do ecossistema de inovação, o que implicou estar mais próximos das startups, inicialmente. Com esse objetivo, lançamos nosso programa de aceleração de negócios com startups, o Starter Business Acceleration, que também sofreu aprimoramentos durante essa jornada de quatro anos da iniciativa.”
No começo, o programa de aceleração era voltado para startups em fase inicial de desenvolvimento, mas a multinacional percebeu que as startups precisavam de uma estrutura mais robusta para atender a EDP, por isso optou-se por direcionar o programa para empresas já no estágio de escala.
Em paralelo, a companhia passou a estimular a inovação internamente. Para isso, criou, em 2017, o Go Innovation, que tinha a missão de promover a cultura da inovação e melhoria contínua dentro da empresa. “O objetivo é conectar os colaboradores por meio do reconhecimento dos projetos mais inovadores dentro da companhia”, explica o gestor de Estratégia e Inovação da EDP Brasil.
A maturação do programa e a proximidade com o ecossistema de startups levou a EDP Brasil ao passo seguinte, que foi criar a primeira empresa de corporate venture capital do setor elétrico brasileiro, a EDP Ventures Brasil. Esse movimento teve o apoio de uma consultoria e da matriz portuguesa, que já tinha uma área de investimentos em startups consolidada.
Inovação aberta para utilidades públicas

Foto do espaço Innovation Lounge na EDP Brasil (divulgação)
Em outra frente, a multinacional se conectou com universidades e assinou um “Memorando de Entendimento” para a criação de um laboratório de inovação focado no desenvolvimento de novas soluções e tecnologias para o setor de utilidades públicas, o Smart Energy Lab.
“Todo esse processo teve inúmeros obstáculos a superar. Pelo pioneirismo no setor elétrico, não havia fórmula pronta. Muito do que realizamos acabou sendo feito na tentativa e erro.”
Rafael Marciano, gestor de Estratégia e Inovação da EDP Brasil
“Contamos com o engajamento da empresa, apoio da alta liderança e buscamos agilidade a fim de adequar os rumos sempre que possível”, diz o executivo.
Hoje, o executivo diz que a empresa estimula uma atitude inovadora independentemente de cargo ou função. “O objetivo é desenvolver um ambiente de trabalho aberto a novas ideias e à proposição de soluções.” A estratégia global de inovação da empresa foca cinco temas estratégicos: Soluções com Foco no Cliente, Energias Renováveis, Inovação Digital, Redes Inteligentes e Armazenamento de Energia.
Nesse sentido, em 2019, a companhia inaugurou o Innovation Lounge, um espaço criado para proporcionar um ambiente de trabalho que facilite as interações entre as áreas ligadas aos projetos de inovação da empresa. “Adotamos um novo método de trabalho e formatamos as áreas que compõem o espaço de inovação de maneira multidisciplinar. Elas trabalham para o desenvolvimento ágil de novas soluções. Com a pandemia, não podemos estar fisicamente próximos, mas as bases do lounge permanecem no trabalho multidisciplinar dos times.”
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