Agência bancária do futuro limitará transações. O que muda no novo modelo?
A avaliação é do diretor setorial de Tecnologia e Automação Bancária da Febraban, Gustavo Fosse. Para o executivo, caixas eletrônicos e analógicos serão substituídos pelos smartphones
POR Raphael Coraccini | 14/08/2019 07h48
As agências bancárias estão mudando radicalmente seu perfil de atendimento. Nas regiões centrais, se dedicarão a oferecer um atendimento especializado, muito mais focado em questões relacionadas a investimentos, em detrimento das operações tradicionais de transferências e pagamentos, que migrarão progressivamente para o online.
A cada dez transações bancárias, seis já são realizadas pelo celular ou pelo computador no Brasil.
A avaliação sobre o futuro das agências foi feita por Gustavo Fosse, diretor setorial de Tecnologia e Automação Bancária da Febraban, durante a apresentação da pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária, realizada pela Deloitte.
“A agência do futuro não terá mais o perfil transacional”
Segundo o executivo, o futuro da agência bancária só poderá ser mensurado se houver a separação entre dois perfis: a agência de grandes centros e a de pequenos centros.
“Nos grandes centros, o cliente está procurando o banco como consultoria para que dê informações sobre como aplicar dinheiro, comprar imóvel, fazer um plano de previdência e financiamento. Todo o restante está saindo da agência”, avalia. “A agência do futuro não terá mais o perfil transacional”, completa.
Para as regiões mais interioranas, com menor poder econômico, a agência ainda vai continuar sendo um local para operações tradicionais. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) aponta que, dos 5.590 municípios brasileiros, apenas 60% contam com agência bancária (3.365).
O número de brasileiros sem conta em banco é de cerca de 60 milhões, segundo o IBGE, o que representa mais de 30% da população.
[hover_color background=”#0a0a0a” border_hover=”#ffffff” background_hover=”#af4236″]40% dos municípios brasileiros não têm agências bancárias
30% da população brasileira é desbancarizada
60 milhões de pessoas sem conta em banco[/hover_color]
Para Jacques Meir, diretor de Conhecimento do Grupo Padrão, “as premissas em torno dos modelos de negócios dos bancos digitais estão corretas”.
O problema, segundo Meir, é a dificuldade de escalar para regiões de menor infraestrutura e inclusão tecnológica.
“Ao avançar para o interior do País, temos deficiências na infraestrutura de internet, nos aparelhos celulares, falta de conhecimento do público e insuficiência de documentação que possibilite avaliação do score para abertura da conta”, alerta o diretor.
Mobile banking
Nos grandes centros, que contam com ampla população bancarizada, a agência bancária está sendo transferida para dentro dos smartphones.
O mobile banking representa quase todo o crescimento em número absoluto das operações online. Enquanto o internet banking ficou estável, o mobile cresceu 80% em 2018.
Todo o crescimento de pagamento de contas online em 2018, por exemplo, veio do mobile banking.
Segundo Fosse, da Febraban, “os números apontam relação direta entre o crescimento do mobile banking e o desenvolvimento de soluções em inteligência artificial”, como é o caso da assistente virtual do Bradesco, a BIA.
MOBILE BANKING
2017: 872 milhões de operações
2018: 1,6 bilhão
Crescimento de 80%, superando internet banking
INTERNET BANKING
2017: 1,5 bilhão de operações
2018: 1,5 bilhão
Estagnação
MOBILE BANKING
2017: 394 milhões de operações
2018: 862 milhões
Crescimento de 119%.
INTERNET BANKING
2017: 485 milhões de operações
2018: 534 milhões
Crescimento de 10%
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